'É sempre uma vergonha', diz ministro sobre indiciamento de Bolsonaro e mais 36 pessoas
"Se você pensar internacionalmente, é sempre uma vergonha", afirmou o ministro do Empreendedorismo e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por tentativa de golpe de estado. A declaração foi feita ao Linha de Frente, da TV Aratu.
De acordo com Márcio França, o que fica é um "ensinamento" errôneo de imitação, de "criar uma onda de algo que não existia no Brasil, que é isso de 'posso matar alguém para ficar no lugar dele'", justificou.
"Nós somos políticos e se espera uma certa preservação da política. Você imagina que um general é alguém treinado pelo Brasil, que foi muitos anos funcionários do Brasil, usa uma farda... alguém de respeito. Aí você pensar que essas pessoas estavam sendo remuneradas, com o dinheiro público, para ficar tramando contra a democracia... Além de todos os problemas que isso gera - e que serão punidos, evidentemente -, tem um problema grave que é o didático", comentou.
Durante a entrevista, o ministro também falou sobre as eleições municipais de São Paulo, empreendedorismo e Bolsa Família. A íntegra irá ao ar, em breve, no canal do Linha de Frente no YouTube e no Aratu On.
Indiciamento de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve diretamente envolvido em uma conspiração para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso é o que concluiu a Polícia Federal (PF) ao fim das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022. O relatório, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), indicia Bolsonaro e outras 36 pessoas (ver ao fim da matéria) por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Entre os indiciados estão o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022, além de nomes como Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL; Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Abin; e Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
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"O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas", informou a PF em nota, destacando que o inquérito será analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
Estrutura da conspiração
As investigações apontaram uma divisão de tarefas estruturada em núcleos específicos:
- Desinformação e ataques ao sistema eleitoral;
- Incitação de militares ao golpe de Estado;
- Apoio jurídico às ações golpistas;
- Inteligência paralela;
- Apoio operacional às medidas coercitivas
De acordo com a PF, as provas foram obtidas por meio de interceptações telemáticas e telefônicas, quebras de sigilo bancário e fiscal, buscas e apreensões, e delações premiadas.
Planos golpistas e resistência militar
As investigações revelaram que, em reuniões realizadas no final de 2022, Bolsonaro discutiu com aliados no Palácio da Alvorada a possibilidade de editar um decreto que invalidasse o resultado das eleições sob alegações infundadas de fraude nas urnas eletrônicas. O texto inicial foi apresentado por Filipe Martins, então assessor presidencial.
O ex-presidente teria convocado os chefes das Forças Armadas para discutir o plano. Segundo depoimentos, o general Freire Gomes, então comandante do Exército, chegou a alertar que prenderia Bolsonaro caso ele avançasse com o golpe. Em contrapartida, o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria colocado tropas à disposição do ex-presidente, mas permaneceu em silêncio durante seu depoimento à PF.
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