Neto de PM é executado por policiais da Rondesp no Subúrbio de Salvador, denunciam familiares; "me senti humilhado", diz avô
A família registrou o caso na Corregedoria da PM. A produção do Grupo Aratu pediu posicionamento da corporação sobre o caso, mas não tinha obtido resposta até a publicação desta reportagem.
Familiares de um jovem de 22 anos, Eliseu Silva Santos, acusam policiais militares de execução no bairro de Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador. O caso aconteceu na quinta-feira (14/7) e envolveu agentes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT/Rondesp BTS). O rapaz era neto de um sargento aposentado da PM, que chegou a implorar aos colegas de farda por socorro.
"Me senti humilhado. Eu me identifiquei para dar socorro a meu neto. Nesse momento, os policiais não permitiram e me empurraram, apontando a arma para mim. Eu soube que quando meu neto foi baleado, que ele disse: 'meu avô é sargento da PM'. Não levaram em consideração", disse o avô de Eliseu, de prenome Valter, durante o programa da TV Aratu, Cidade Aratu.
A prima da vítima, que preferiu não se identificar por medo, presenciou o crime. Para ela, não há dúvidas: Eliseu, que chegou a servir no Exército Brasileiro, foi executado pelos policiais, sem chance de defesa. De acordo com ela, o rapaz chegava da autoescola quando foi surpreendido, em um beco, pela guarnição. Ele teria levantado a camisa para mostrar que não estava armado.
"Eu estava dentro de casa. Meu primo me chamou no portão. Eu abri e, quando ele entrou, ouvimos tiros. Nos abaixamos e os policiais começaram a atirar. Os policiais disseram: 'saia'. Antes, já tinham dado tiros para dentro de casa [...] Quando abri a porta, meu primo veio atrás de mim e ele deu um tiro. Eles me arrastaram e não me deixaram passar. Depois, deram mais tiros", declarou.
Após a ação, os próprios agentes socorreram o rapaz para o Hospital do Subúrbio. Segundo a família, na unidade hospitalar, os militares apresentaram uma mochila, que supostamente estaria com o jovem. Esse fato também foi desmentido por uma testemunha.
"Cheguei e vi o policial entrando na viatura, tirando a mochila, abrindo e colocando as drogas dentro. Quando saíram de lá, a mochila estava nas costas do policial", relatou. Um vídeo gravado no momento em que a confusão acontecia mostra um dos agentes com a mochila, de cor verde, nas costas. Outra imagem, também amadora, mostra seu Valter tentando argumentar com os PMs.
Avô de vítima, PM discute com colegas de farda em Salvador por socorro pic.twitter.com/0zMWFXY9Ep
— Aratu On (@aratuonline) July 19, 2022
Vizinhos relatam que, na tentativa de forjar um confronto, os policiais militares teriam atirado para o alto, fato confirmado pela namorada de Eliseu, que esperava pelo homem em casa. "Ele estava chegando em casa e íamos conversar sobre comprar um imóvel. Fiquei desesperada, pois a polícia estava dando tiro para cima. Não deixou ninguém sair de casa", ressaltou.
A família registrou o caso na Corregedoria da PM. A produção do Grupo Aratu pediu posicionamento da corporação sobre o caso, mas não tinha obtido resposta até a publicação desta reportagem.
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