NÃO SÃO APENAS R$ 0,30: Aumento do ônibus impacta sua vida em coisas que nem imagina
NÃO SÃO APENAS R$ 0,30: Aumento do ônibus impacta sua vida em coisas que nem imagina
A população de Salvador foi surpreendida na última segunda-feira (2/1) com o reajuste no preço da passagem de ônibus na capital. Agora, o soteropolitano paga R$ 3,60. Você pode imaginar, a princípio, que essa ?novidade? só afetará a rotina de quem utiliza o sistema de transporte público da cidade. Acontece que não é exatamente assim.
Para os trabalhadores com carteira assinada, que, de acordo com a legislação trabalhista, recebem auxílio-transporte mediante desconto de 6% no valor do salário, a princípio, pouco deve mudar. Mas para as pessoas que realizam serviços informais ou trabalham por conta própria toda alteração de custo gera, em tese, uma mudança no preço do serviço final.
Aí, neste lista inclui diarista, encanador, pedreiro e outros profissionais liberais. E você, que está lendo essa matéria, certamente já pagou ou pagará por algum reparo na sua casa, escritório ou carro, por conta deste aumento.
Para o economista Isaías Matos, o repasse do custo é inevitável. ?Ele [prestador de serviço] tem que fazer isso, mas o percentual é proporcional ao valor total. Por exemplo, se o valor das passagens é irrisório diante do preço cobrado, ele vai relativizar. De forma geral, para empresas e prestadores de serviços maiores, isso não deve acontecer inicialmente. A regra normalmente é que, em reajustes que variem de 5% a 10%, entre 1% e 2% sejam repassados?.
Mas e em casos de valores menores? O que acontece para quem contrata uma diarista? ?Esse é um caso clássico. As diaristas, em sua maioria, já cobram o valor das passagens por fora. Eu, por exemplo, pago R$ 80 pelo serviço e tenho que calcular esse valor à parte?, explica o economista.
É o mesmo que acontece com Lindinalva Santos, de 49 anos. Diarista há quase uma década, ela afirma que só fecha o serviço se as passagens não entrarem no acordo. ?É uma maneira de evitar que o que eu recebo fique prejudicado por conta do preço da tarifa?.
Maria Domingas dos Santos, 65 anos, uma de suas ?patroas? da diarista, garante não se incomodar com a atitude de Lindivalva, mas afirma que os valores não devem ser desprezados quando for feito o cálculo mensal de orçamento.
?Não se pode excluir o preço das passagens da conta final. Se a diarista frequenta a sua casa duas vezes por semana, por exemplo, são quase R$ 15,00 a mais a cada sete dias. Isso se ela utilizar apenas duas conduções, claro?.
A mesma lógica deve ser aplicada para um encanador, eletricista, ou um pedreiro, por exemplo. Ao contratar um desses profissionais, você não deve ignorar o fato de que o valor do deslocamento será cobrado do contratante. Ele pode fazer isso de forma clara, ou simplesmente incluir os valores ao apresentar o orçamento.
Além disso, Isaías aponta que existe uma tendência no mercado de ?adequar? o valor cobrado à média praticada pelo mercado. ?Se um prestador de serviço percebe que está ganhando menos para praticar o mesmo serviço, a tendência é que ele reajuste o valor para se adequar aos preços praticados pelos concorrentes. Esse comportamento acaba gerando uma espécie de reação em cadeia?.
Essa é a prova prática de que, mesmo quando se trata da economia diária, um reajuste como o do preço das passagens acaba afetando indiretamente mesmo quem não paga o novo valor de R$ 3,60 pelo transporte. Então, é ficar de olhos abertos e calculadora na mão!
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