‘QUEM QUER VOTO VAI A PÉ’: Em ano eleitoral, Lavagem do Bonfim se transforma em primeiro termômetro para candidatos

O clichê é inevitável. A Lavagem do Bonfim é a mistura das tradições sagradas com a mais peculiar sem-vergonhice profana. Em anos pares, um novo elemento se junta para formar a tríade de inesgotáveis narrativas sobre o trajeto de 8 km até o topo da Colina Sagrada.

As eleições (este ano, municipais)  darão um novo tempero à festa. Um termômetro para avaliar preferências, opiniões e aversões de cada nome ao crivo do eleitorado.

O prefeito ACM Neto (DEM), embora ainda não admita publicamente, é natural candidato à reeleição. Ancorado em pesquisas que o colocam como “melhor prefeito do país”, o herdeiro dos espólio Carlista entende que um segundo mandato simbolizaria seu fortalecimento como força política para avançar no campo hegemônico do PT — há dez anos no comando do estado e 14 no Brasil.

ACM Neto confia em um tabu que — torce ele — se transforme em tradição.  Deste que a reeleição foi instituída no Brasil, em 1998, Salvador sempre aprovou um segundo mandato ao seu gestor. Foi assim com Antônio Imbassahy, à época no PFL, em 2000, e com João Henrique, à época no PMDB, em 2004.

No outro lado da disputa, Rui Costa, do PT, participará pela primeira vez da festa na condição de governador. Eleito há dois anos, o político não compareceu em 2015, por conta de um mal estar.  Neste ano medirá sua popularidade ao passo que tenta servir de cabo eleitoral para derrotar Neto.

O Partido dos Trabalhadores ainda não tem candidato definido para o pleito de outubro. Nomes são ventilados em diferentes proporções. Juca Ferreira, atual Ministro de Cultura, é um dos mais cotados, ao lado de Nelson Pellegrino, Jorge Solla e do senador Walter Pinheiro.

Fora da polarização ‘Carlistas-PT’ também há vida política. O PCdoB — que sempre tenta emplacar candidatura e empaca no meio do caminho — quer testar a força do nome de Alice Portugal. O PSB estuda a senadora Lídice da Mata e há ainda lugar para o protesto dos nanicos, de diferentes tendências ideológicas: PCO, PRTB, PSC e PSOL.

Olívia Santana (esquerda) e Alice Portugal (centro), ambas do PCdoB, foram testar popularidade no Bonfim. Foto Dinaldo Santos

Diante do cenário que se avizinha cabe, apenas, rezar e pedir as bênçãos de Senhor do Bonfim.