Detran exonera servidores suspeitos de esquema de fraude em Barreiras

Dois servidores do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA) foram exonerados após serem apontados como suspeitos de integrar um esquema de fraudes envolvendo a adulteração de provas e a emissão ilegal de documentos de habilitação e circulação veicular. As exonerações foram publicadas no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (24).

Os exonerados são Valdeci Marques de Souza Filho, que ocupava o cargo de coordenador técnico da 10ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), e David William Oliveira de Santana, coordenador de Habilitação da mesma unidade, localizada em Barreiras, no oeste baiano.

De acordo com o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), os dois ex-servidores fazem parte de um grupo criminoso com atuação estruturada dentro da 10ª Ciretran. As investigações revelam indícios de crimes como corrupção passiva majorada, falsidade ideológica, associação criminosa e continuidade delitiva. A exoneração, de acordo com nota oficial do Detran-BA, visa garantir a lisura das investigações conduzidas pelo MP.

Mesmo fora dos cargos, Valdeci e David responderão a processos administrativos internos, conduzidos pela Corregedoria do órgão. A direção do Detran-BA afirmou que medidas administrativas e criminais cabíveis serão adotadas, caso a participação dos ex-coordenadores nas irregularidades seja confirmada.

Operação “Fraus Omnia” mira fraudes no Detran de Barreiras

As exonerações ocorreram paralelamente à deflagração da Operação Fraus Omnia, coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-BA e pela 1ª Promotoria de Justiça de Barreiras, com apoio da Cipe Cerrado, unidade especializada da Polícia Militar da Bahia.

Na última quarta-feira (23), foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão nos municípios de Barreiras e São Desidério. Durante a ação, foram apreendidos R$ 282.950 em espécie, cheques no valor de R$ 14.220, além de um celular, um carimbo, dois extratos bancários e um caderno com anotações diversas.

As investigações apontam que a organização criminosa atuava em diversas etapas do processo de habilitação e vistoria veicular. O esquema envolvia desde a fraude em provas teóricas e práticas de autoescolas, até a adulteração de processos de vistoria para a emissão de documentos de forma ilegal. Segundo o MP, a estrutura criminosa contava com a suposta influência de um empresário local que, embora não integrasse formalmente o Detran, exercia forte controle sobre as operações da unidade, criando um verdadeiro “balcão de negócios” dentro da autarquia.

Apesar do escândalo e das exonerações, o Detran-BA informou que a unidade da 10ª Ciretran continua funcionando normalmente e que todos os serviços ao público seguem disponíveis. O órgão reforçou seu compromisso com a transparência e o combate à corrupção interna.