Pandemia da Covid-19 atrapalhou relações de emprego doméstico, afirma Dieese
Pandemia da Covid-19 atrapalhou relações de emprego doméstico, afirma Dieese
Um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) denominado “Quem cuida das cuidadoras: Trabalho doméstico remunerado em tempos de coronavírus” concluiu que a crise causada pela pandemia da Covid-19 no Brasil exacerbou as relações de desigualdade existentes no país, e o emprego doméstico foi diretamente afetado.
De acordo com o Dieese, isso ocorre tanto pelas características da ocupação quanto pela forma como o vírus atinge as relações de cuidados e afazeres domésticos no país.
Segundo a economista e técnica do Dieese Cristina Vieceli, o Brasil tem 6,23 milhões de trabalhadoras domésticas, das quais 70% não têm carteira assinada, o que revela o alto índice de informalidade no setor. Apenas 38% dessas trabalhadoras contribuem para a Previdência Social, o que, em situação de desemprego, as deixa desassistidas pelo sistema de seguridade e impedidas de receber auxílio-doença ou auxílio-desemprego.
"Os trabalhadores domésticos são, em sua maioria, mulheres (93%) e estão bastante vulneráveis a se tornarem desempregadas. Em função das características do trabalho, elas têm baixa remuneração e alto índice de informalidade. A baixa remuneração também as impede de fazer uma poupança para uma eventual crise", afirmou Cristina.
O estudo do Diesse destaca que o trabalho doméstico é desempenhado principalmente por mulheres negras. Ressalta também que a média de idade das mulheres é alta, o que as coloca em situação de maior vulnerabilidade ante a pandemia. Além disso, boa parte delas é responsável pela renda familiar – 45% delas são chefes de domicílio, e sua renda é muito importante para a família.
Para Cristina, como os empregadores estão dentro de casa, muitos têm medo de ser contaminados pelo novo coronavírus, causador da covid-19, o que os leva a dispensar as trabalhadoras, deixando-as em situação de fragilidade econômica. "Aquelas que permanecem trabalhando correm o risco de se contaminar com o vírus, já que precisam usar transporte público para se deslocar ao trabalho ou por terem mais de um vínculo de emprego e precisarem percorrer vários lugares da cidade."
Para Cristina, o momento atual serviu para despertar a discussão sobre aspectos do trabalho doméstico, colocando em foco as condições precárias vivenciadas por essas profissionai, e é bom para repensar o formato das relações entre trabalhadoras domésticas e patrões. "Temos uma mobilização da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas que começou a campanha Cuida de Quem te Cuida, visando à solidariedade dos empregadores para que eles as dispensem no período de pandemia, mantendo o vínculo de emprego e salário."
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