Papa Francisco pede respeito aos índios da Amazônia e clama por "fogo de Deus"
Papa Francisco pede respeito aos índios da Amazônia e clama por "fogo de Deus"
O papa Francisco afirmou nesta segunda-feira (7) que a sociedade moderna deve respeitar os indígenas e evitar as colonizações que serviram para dividir e "aniquilar os povos originários, demonstrando todo o desprezo por eles?. A declaração foi dada durante a abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, uma assembleia de bispos que, presidida pelo papa, discute os problemas da região Amazônica. As informações foram divulgadas pela Agência Brasil.
"O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome. É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos", disse o papa durante a homília.
"Viemos para contemplar, compreender, servir os povos e fazemos percorrendo um caminho sinodal, não numa mesa-redonda, em conferências ou em discursos, mas em sínodo. Porque um sínodo não é um parlamento, um locutório, é um caminhar juntos sob a inspiração do Espírito Santo?, afirmou o pontífice.
Para o relator-geral do Sínodo para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), a Igreja Católica "precisa abrir as portas, derrubar muros que a cercam e construir pontes, sair e pôr-se a caminho na história, nos tempos atuais de mudança de época, caminhando sempre próxima de todos, principalmente de quem vive nas periferias da humanidade".
Ele discursou hoje, na abertura do Sínodo, e ressaltou a prática da misericórdia, da caridade e da solidariedade, "sobretudo para com os pobres, os sofridos, os esquecidos e descartados do mundo de hoje, os migrantes e os indígenas".
A Repam é formada pelos nove países que formam a Pan-Amazônia, uma região com 7,8 milhões de quilômetros quadrados onde vivem 33 milhões de habitantes, incluindo 1,5 milhão de indígenas de 385 povos. O encontro reúne bispos provenientes não só da região amazônica, que abarca Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname, mas também de outras regiões. Entre os 185 sacerdotes sinodais que participam do evento, 58 são brasileiros. Participam também representantes de comunidades indígenas.
O sínodo é composto por uma extensa programação, organizada paralelamente em diversas línguas, que inclui celebrações, reuniões online, painéis de especialistas, mostras fotográficas, apresentação de documentários e mesas-redondas. Os diferentes eventos, com datas e locais, podem ser conferidos na internet.