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“Tiraram minha vida”, diz pai um ano após ver filha morta pela PM em São Caetano

“Tiraram minha vida”, diz pai um ano após ver filha morta pela PM em São Caetano

Por Jean Mendes

“Tiraram minha vida”, diz pai um ano após ver filha morta pela PM em São CaetanoAcervo pessoal

Uma família, uma criança e um policial militar. Esses são pilares de um caso que revoltou moradores do bairro de São Caetano, em Salvador: a morte da garota Mirela do Carmo Barreto, à época com seis anos. As lágrimas no rosto do pai Robenilton de Jesus ainda demonstram o desejo de punição na véspera de o crime completar um ano.


Esta sexta-feira (16/3) antecede a tragédia que abalou a família do homem que, por uma ironia do destino, é segurança e viu sua filha assassinada também por um agente que tem a missão de proteger, o PM Aldo Santana do Nascimento, lotado na 9ª Companhia Independente (CIPM/Pirajá). A vítima estava na laje de sua casa quando foi atingida por uma bala perdida que partiu da arma do policial, que fazia uma ação na localidade.


A investigação que incriminou Aldo foi concluída no mês de julho pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), conforme informado com exclusividade pelo Aratu Online na oportunidade. Seis meses depois, em janeiro, o Ministério Público da Bahia (MP-BA), por meio da promotora Armênia Cristina Santos, resolveu oferecer denúncia ao Tribunal de Justiça. O caso está na fila para ser julgado pela casa.


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“Fui na sede do TJ para saber o andamento do processo. Lá, me informaram que outros estariam na frente e o nosso caso ainda estava parado”, desabafa Robenilton. Mesmo com a pouca celeridade oferecida, o pai de Mirela mantém firme a ideia de condenação. “Eu quero que a Justiça seja feita. Se isso acontecer, ele [Aldo] será excluído da corporação e será responsabilizado pelo seu ato”, conta.


Mirela do Carmo Barreto tinha seis anos quando foi morta. Foto: acervo pessoal


Para pedir a condenação, o homem exemplifica uma situação. “Sou segurança desde 2001. Eu trabalho em uma área fechada de mato. Imagine que ele se mexesse, eu me assustasse e atirasse contra uma criança. Com certeza, eu iria me entregar na delegacia para aliviar a dor da mãe”, destaca.


A tragédia contra a família de Robenilton mexeu com o psicológico de todos. A residência onde ele morava com Mirela e a esposa não foi mais ocupada. Hoje, 12 meses após o caso, o pai conta que entrou na casa, mas não mora mais lá. “É um assunto que, se ‘tocar’, a gente lembra e chora. Aquilo tirou a minha vida e a da minha esposa”, diz.


VERSÃO OFICIAL 


A Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse, por meio de nota enviada no dia seguinte à ação ? um domingo -, que os policiais foram recebidos a tiros por criminosos e iniciaram um confronto. De acordo com a pasta, seus agentes seguiam o sinal de GPS para rastreamento de um celular furtado e, ao chegarem na rua, foram surpreendidos.


Na época em que a informação de culpa do PM foi divulgada, Robenilton não se mostrou surpreso. “Não houve troca de tiros. Me lembro que fui comprar margarina no mercado e vi a viatura [9.0924] passando. Em um intervalo de dois minutos ouvi dois disparos na minha rua. Como é que isso é troca de tiros??, contou, na oportunidade.


Os moradores locais registraram o momento que os policiais saem do local do crime a bordo do carro oficial. Veja:



Procurada pela reportagem do Aratu Online, a assessoria da PM informou que Aldo Santana do Nascimento “foi afastado das ruas durante o prazo legal estabelecido e depois retornou à atividade operacional. A PM esclarece que ainda não foi informada sobre a conclusão do inquérito do DHPP”.




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