OUTUBRO ROSA: Raro entre os homens, câncer de mama foi drama na vida de professor universitário
OUTUBRO ROSA: Raro entre os homens, câncer de mama foi drama na vida de professor universitário
Neste primeiro dia de outubro ? mês dedicado à campanha internacional de conscientização sobre a prevenção e controle do câncer de mama ?, o Aratu Online traz uma matéria que mostra o enfrentamento da doença vivido por um homem. Em todo o mundo, a ocorrência é mais comum entre as mulheres. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil há quase 60 mil novos casos por ano e, no mesmo período, o número de mortes gira em torno de 15 mil.
A história a seguir é do professor de radiojornalismo da Faculdade de Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Maurício Tavares, de 62 anos. Ele foi surpreendido, naturalmente, pela notícia, mas por se tratar de uma pessoa preocupada com o bem estar e a saúde do seu corpo, os cuidados puderam ser tomados em tempo de superar a doença.
Maurício faz parte de um número pouco expressivo de homens que já passaram pelo problema. Em 2014, na Bahia, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) registrou apenas 29 casos da doença entre os varões. Em 2013, foram 35 e, em 2012, 45. De acordo com levantamento feito pelo Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), a cada mil casos de tumor de mama feminino, um caso igual é registrado entre os homens no estado.
Apesar de sua alegria, nem todo humor que sempre carregou na vida e na carreira fez o professor viver sem um pouco de drama, quando foi diagnosticado com câncer de mama duas vezes, num intervalos curto de, aproximadamente, dois anos.
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Na primeira vez que se submeteu à cirurgia, em 2014, o nódulo foi percebido pelo próprio professor, que sempre teve o hábito de apalpar os seios despretensiosamente, procedimento orientado pelos mastologistas para detectar possíveis neoplasias. “Foi aí que senti um caroço no peito esquerdo. Pesquisei no Google e vi que caroços duros próximos à aureola do seio podem ser sinal de câncer. Fiz alguns exames, entre eles uma mamografia, e fui diagnosticado pela primeira vez. Depois da cirurgia, passei por uma quimioterapia leve, já que o nódulo era pequeno ainda”.
Maurício conta que na época ficou chocado com a notícia e não conseguiu dormir durante dois meses. “Fiquei muito tempo com insônia e nem podia tomar remédio forte, porque sou diabético. Tomo insulina e, caso tivesse hipoglicemia, poderia não acordar à noite. Homem não espera pelo câncer de mama, fiquei em choque”.
Apesar de não se considerar muito supersticioso, ‘dois’ é um número recorrente na história de Maurício. Além das duas vezes que enfrentou o câncer e os dois meses que sofreu com a insônia, o primeiro nódulo tinha pouco menos de dois centímetros e, cerca de dois meses depois, ele se submeteu à cirurgia. Quase dois anos após a primeira cirurgia, o professor universitário passou por tudo novamente.
Assista:
“Dos dezesseis linfonodos que surgiram na região da axila, nove eram malignos. Fiz alguns exames e uma nova cirurgia, que aumentou o tamanho da cicatriz. Depois comecei com a quimio, mais pesada, e a radioterapia”, conta.
Dessa vez, o tratamento foi muito mais severo. Os enjoos após as sessões e a queda de cabelo, barba, cílios e sobrancelhas fizeram com que Maurício desacelerasse um pouco o ritmo de vida, mas sem deixar de trabalhar. Apesar dos transtornos que surgiram de forma mais incisiva, o professor não abandonou as atividades acadêmicas. “É importante se manter ativo, porque se eu ficasse em casa pensaria demais nisso e não me ajudaria muito”, explica.
Maurício conta que não chegou a fazer o teste genético para descobrir se havia algum histórico na família. “Minha mãe morreu com 84 anos por causa de um linfoma, mas nessa idade não acho que chega a ser uma propensão genética. Meu oncologista pediu para eu fazer esse teste de DNA genético mas eu fiquei enrolando e nunca fiz”.
Vaidoso e sempre ligado a moda, o professor passou a colecionar chapéus durante o período que seu cabelo começou a cair, mas não viu como um problema ter ficado careca. “Eu me acostumei. Não gosto muito do formato da minha cabeça, mas ela não é tão feia quanto eu pensava e o chapéu ajudava. Dei sorte também porque a barba não caiu toda, então não fiquei totalmente pelado”, brinca, ostentando o humor que se destaca entre o drama da experiência que teve.
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*Publicado originalmente às 8h (1º/10)