COMPAIXÃO: Maqueiro se mostra surpreso com repercussão de foto que viralizou na internet

Há exatos dez dias, a vida de Idelmar Pereira dos Santos, 56 anos, mudou totalmente. O maqueiro deixou de ser apenas o simples farofa, alcunha ganha durante a infância. Agora ? o pai do pequeno Kauan Lima, 12 anos, e o morador de um simples sobrado na Cardeal da Silva ?, virou celebridade nas redes sociais.

A fama repentina de Idelmar veio graças a um singelo ato de compaixão para com o próximo. No último dia 15, ele foi fotografado segurando no colo a idosa Erenita de Jesus, 86 anos, no Hospital Eládio Lassérre, no bairro de Cajazeiras. Na ocasião,  a idosa – que veio de Santa Barbará para Salvador após levar uma queda -,  precisava de um colchão casca de ovos para aliviar as dores causadas pela ausência de movimentos.

Idelmar chegou no exato instante e fez a solicitação à enfermeira. Durante a troca, pegou a paciente no colo e começou a cantar um trecho da música “Tá Fazendo Falta”, de Joanna. A imagem foi publicada no Facebook pela operadora de telemarketing Ingrid Velame, que estava visitando uma amiga internada na unidade. Até agora, já são mais  de 83 mil compartilhamentos no Facebook e diversos elogios brasil à fora.

“Anjo”, “Ser iluminado”, “Profissional competente”, etc. foram apenas alguns dos diversos elogios feitos por internautas. Humilde e bastante tímido, seu Idelmar, ou melhor dizendo, Farofa conversou com a reportagem do Aratu Online. No bate-papo, o maqueiro se mostrou surpreso com tamanha repercussão de um ato que segundo ele, é algo corriqueiro em sua rotina diária. Veja o vídeo:

BATALHA

Idelmar  vive uma verdadeira batalha diária. Isto porque, ele trabalha de domingo a domingo, em dois hospitais diferentes. “Além do Hospital Eládio Lassére, trabalho no (Hospital) Professor Carvalho Luz, localizado em Nazaré. Todo dia acordo 5h30 da manhã, faça chuva ou sol. Hoje, exerço a função de maqueiro em ambos os locais”, ressalta Idelmar, que labuta como maqueiro há 4 anos pela empresa SM Gestão Hospitalar.

Antes, porém, já havia trabalhado na lavanderia e como motorista de ambulância. “Depois virei porteiro. Só aí, fui convidado para trabalhar como maqueiro”, conta.

Com o que ganha mensalmente, Farofa precisa “se virar nos trinta”, como o mesmo faz questão de dizer. ” Não ganho muito não, não mais do que dois salários mínimos. Mas levo a vida assim…no sacrifício para cuidar do meu filho e com fé em Deus, afinal ele nunca nos abandona”, disse o fã de MPB.

“Gosto muito das músicas de Joanna, do Rei Roberto Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil… vivo assim: na boa e cantando para distrair a mente. Mas não levo jeito para ser cantor não… longe disso”, sorri.

Quando questionado sobre o porquê de ter colocado dona Erenita de Jesus (que ainda segue internada e sem previsão de alta hospitalar) no colo e, posteriormente, cantado para ela, Idelmar é taxativo.

” Hoje, infelizmente, ela que se encontra numa situação delicada. Amanhã, poderei ser eu. A vida é assim: faça o bem sem olhar a quem. Não desejo o mau a ninguém, só coisas boas. O mundo precisa disso. Compaixão, respeito, paz, harmonia… Eu não quero que, se um dia eu fique num internado, um funcionário,  um doutor, quem quer que seja, me trate mal. A vida é assim, meu amigo “, filosofa Idelmar.