‘CASO FIÚZA’: Polícia Civil acusa 23 PMs pelo desaparecimento de adolescente em São Cristóvão
‘CASO FIÚZA’: Polícia Civil acusa 23 PMs pelo desaparecimento de adolescente em São Cristóvão
Após pouco mais de um ano e meio do desaparecimento do adolescente, Davi Santos Fiúza, 16 anos, 23 policiais militares foram indiciados pelo assassinato do adolescente, além de ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Davi foi visto pela última vez na manhã do dia 24 de outubro de 2014. Na ocasião, o jovem teria sido alvo de uma suposta abordagem realizada por agentes do Pelotão de Emprego Tático Operacional (PETO) e Rondas Especiais (Rondesp), no bairro de São Cristóvão, onde morava com o pai.
Segundo informações do advogado da família de Davi, Paulo Kleber Carneiro Carvalho Filho, ao jornal Correio, a investigação, que está sendo comandada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), aponta que 19 dos indiciados eram alunos do curso de formação da PM.
O rapto de Davi ocorreu quando os futuros policiais faziam uma operação final para obtenção do diploma de soldado, quando, segundo o inquérito, abordaram o garoto na Rua São Jorge. Ainda de acordo com o advogado, a investigação aponta que os alunos eram supervisionados por quatro PMs da 49ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/São Cristóvão), com patentes como tenente, sargento e cabo.
Outra conclusão do inquérito é que os acusados estavam em guarnições da 49ª CIPM e que os equipamentos de GPS e rádios comunicadores estavam desligados no dia da operação. ?Ainda não há informações sobre o paradeiro do corpo?, disse o advogado. Ele conversou com o responsável pelas investigações, o delegado Reinaldo Mangabeira.
Segundo o advogado Carvalho Filho, o documento final do inquérito, concluído na última sexta-feira (15/4), será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE). Ao jornal Correio, a assessoria do MPE, órgão ao qual caberá fazer ou não a denúncia à Justiça, não havia confirmado se o documento havia sido recebido até o fechamento da reportagem, publicada nesta quarta (20/4).
INQUÉRITO
Segundo informações da investigação, no dia do desaparecimento de Davi, oito viaturas chegaram à Rua São Jorge por volta das 5h45. Segundo o advogado, os alunos foram ao local fazer incursões, era uma das etapas finais para pegarem o diploma. Além das incursões, eles tinham que conduzir pessoas envolvidas com o crime, por orientação de um dos policiais instrutores, um deles seria um adolescente chamado Ícaro.
As abordagens foi feita em grupos. De acordo com Carvalho Filho, os alunos chegaram a invadir casas, segundo informou testemunhas. Embora a ação tivesse assustados os moradores, Davi saiu de casa para ir ao encontro da namorada, quando encontrou um morador, nesse momento ele foi abordado por um dos grupos de policiais e jogado na mala do carro. ?Ele perguntou ao morador: ?O que está acontecendo??. O morador respondeu: ?É uma ação policial?. E David questionou: ?Estão tentando prender quem??. Foi nesse momento em que foi agarrado pelos quatro alunos, levado na viatura e nunca mais foi visto?, disse o advogado ao Correio.