Sete fatos sobre a história de Salvador que, provavelmente, você aprendeu da forma ERRADA ou NEM sabe

Nesta terça-feira (29/3) Salvador completa 467 anos de fundação. Primeira capital da colônia, a cidade foi planejada como fortaleza para preservar o território da pilhagem e pirataria de nações interessadas nas riquezas do território português além mar.

A história da cidade, porém, vai além desta finalidade e esconde, ainda, detalhes e segredos que passam ao largo do conhecimento de muitos soteropolitanos. A data de fundação de Salvador, o seu próprio nome e outros tantos mitos se perpetuaram erradamente ao longo dos tempos.

O Aratu Online lista alguns dos principais equívocos para tentar desmistificar a origem da nossa tão amada cidade.

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1. 
   

   O nome da cidade NÃO é São Salvador

   
   

Esse é um erro frequente. A maioria dos próprios soteropolitanos comete. Até o mestre Dorival Caymmi cantou um verso endossando a imprecisão “Bahia cidade de São Salvador”.

Mas não. O nome da cidade NÃO é São Salvador. O que consta nos registros oficiais vindos de Portugal, quando Thomé de Souza por aqui desembarcou, é “Cidade do Salvador”.

A explicação é religiosa. “Salvador” é uma alusão direta a Jesus Cristo — àquele que morreu para salvar seu próprio povo. Jesus Cristo é o próprio messias, o salvador para os católicos (religião predominante em Portugal).

Já o “São” é uma referência usada para santos. Por exemplo: São Pedro, São João, São Gonçalo, São Longuinho, São Paulo etc.

Cristo não é santo. Ele está acima disso na hierarquia da Igreja.

Por tanto, a capital da Bahia é a “Cidade do Salvador”. Ou seja, a ‘Cidade de Jesus’.

E não a cidade de ‘São Jesus’.

2. Mas então porquê a sigla de Salvador é SSA?

SSA é um código da IATA (Internacional Air Transport Association) utilizado para designar aeroportos em várias partes do mundo. O de Salvador ficou designado como SSA, possivelmente, por se achar que seria uma abreviatura para São Salvador.

O mesmo código foi também adotado pelos correios e empresas de telefonia.

3. Salvador NÃO foi fundada no dia 29 de março

Ou seja, hoje, 29 de março, não é o aniversário da cidade.

Mas, então, porquê é comemorada hoje?

Bem, a data é fruto de uma convenção, uma vez que não se sabia precisar ao certo o dia de fundação. O historiador Theodoro Sampaio sugeria a data de 13 de junho de 1549, data que se realizou a procissão de Corpus Christi na cidade.

Já o historiador Pedro Calmon defende que a data correta é 1º de maio, quando os trabalhadores que levantaram os muros da cidade começam a receber os soldos pelo ofício executado. Na falta de um documento que colocasse um ponto final na polêmica convencionou-se o 29 de março, baseando-se no dia que Thomé de Souza (o governador geral que veio fundar Salvador) desembarcou por aqui.

4. Salvador tem uma bandeira e uma frase… Tipo, “Ordem e Progresso”, mas ninguém conhece

A bandeira do Brasil é verde amarela e tem escrito no círculo central a frase “Ordem e Progresso”. Salvador também tem uma bandeira. É azul, tem uma pomba e uma frase em latim.

Sic illa ad arcam reversa est

Traduzindo: “E assim ela voltou à arca”.

É uma referência à arca de Noé (história do Velho Testamento da Bíblia). Após um dilúvio na Terra, a mando de Deus, Noé construiu um enorme barco para abrigar todas as espécies de animais do planeta. Quando a chuva passou ela mandou uma pomba para trazer algum sinal que o mundo havia deixado. E assim ela (a pomba) voltou à arca com um ramo de oliveira, simbolizando a descoberta de um novo e purificado mundo.

5. Salvador já foi palco de uma guerra entre países

Em 9 de maio de 1624, os holandeses invadiram Salvador com 24 navios, 500 canhões, 1.600 marinheiros e 1.700 soldados. A cidade só foi reconquistada pelos portugueses um ano depois, após uma guerra que se desdobrou em um cerco à cidade.

As batalhas tiveram desdobramento em áreas que hoje correspondem aos bairros do Barbalho, Itapuã, Rio Vermelho e São Bento. Por fim, os portugueses venceram e expulsaram os holandeses (que mais tarde viriam a dominar Pernambuco).

6. O aeroporto nem sempre foi Dois de Julho

Em 1998, quando, de infarto, morreu o Deputado Federal Luís Eduardo Magalhães, filho do então senador Antônio Carlos Magalhães (ACM), o nome do aeroporto de Salvador deixou de ser Dois de Julho — em homenagem à data da Independência do Brasil na Bahia — para nomear o político recém-falecido.

O que poucos sabem é que o aeroporto nem sempre foi chamado de Dois de Julho. Seu primeiro nome, quando foi construído em 1943, era Santo Amaro de Ipitanga (primeiro nome do distrito da cidade que hoje é Lauro de Freitas).

A mudança para Dois de Julho ocorreu em 1955.

7. O cientista que mudou a evolução do homem esteve em Salvador

Aos 22 anos, o cientista Charles Darwin, que viria a mudar a concepção do mundo sobre a evolução das espécies e a seleção natural, esteve em Salvador a bordo do navio Beagle, onde fazia suas expedições.

Darwin desembargou na baía de Todos os Santos em 1832. E escreveu sobre Salvador: ?A vista da cidade é magnífica!?.

E prosseguiu:

?Ninguém seria capaz de imaginar nada tão belo quanto a antiga cidade da Bahia; ela fica docemente aconchegada num bosque exuberante de lindas árvores e, situando-se sobre uma colina íngreme, descortina as águas calmas da grande baía de Todos os Santos. As casas são brancas e altivas… Os conventos, os pórticos e os prédios públicos quebram a uniformidade das casas; a baía é repleta de grandes navios. Em suma, e o que mais se poderá dizer? Ela é uma das paisagens mais lindas dos Brasis…”

Aqui Darwin coletou plantas e catalogou espécimes de animais que mais tarde o ajudariam a escrever seu livro “A Origem das Espécies”, que mudaria o entendimento do homem sobre a evolução na Terra.