NÚMEROS DE GUERRA: A cada 100 homicídios na Grande Salvador, em média, apenas 4 são elucidados, estima entidade da Polícia Civil
NÚMEROS DE GUERRA: A cada 100 homicídios na Grande Salvador, em média, apenas 4 são elucidados, estima entidade da Polícia Civil
No dia 18 de janeiro de 2016 — portanto antes de se completar os primeiros 20 dias do ano –o Aratu Online contabilizou exatos 100 homicídios em Salvador e Região Metropolitana. Diante da perplexidade do número uma outra pergunta foi automaticamente suscitada: quantos destes casos serão efetivamente elucidados?
Se forem considerados os números de 2014 — os de 2015 ainda não foram levantados — a resposta é temerosa: números irrisórios. De acordo com o Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindpoc), naquele ano, pouco mais de 4% dos homicídios foram esclarecidos na Bahia.
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O Aratu Online entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Civil na tentativa de confrontar a informação com números oficiais. No entanto, a instituição informou que os dados ainda estão sendo tabulados e só serão divulgados em uma entrevista coletiva do Secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa. A coletiva ainda não tem data exata para acontecer. No momento, única informação disponível é que acontecerá antes ou pouco depois do Carnaval.
?O delegado não quer que o investigador vá as ruas e fundamente o seu inquérito nos depoimentos que chegam às delegacias?, pontua Marcos Maurício, presidente do Sindipoc. Ele acrescenta ainda que os homicídios elucidados na Bahia são, basicamente, aqueles que as câmeras de segurança flagram a ação do autor.
Ainda de acordo com o representante do Sindpoc, o modelo de investigação policial precisa ser “multidisciplinar e pluricêntrico” como acontece na polícia norte-americana. ?É preciso que haja uma participação de toda estrutura que faz parte do processo, o que envolve investigadores, peritos e delegados. Sem a distribuição de tarefas, a elucidação é muito mais difícil?, disse.
Para o especialista em segurança pública, Luiz Brenneken, a dificuldade está relacionada ao que se chama popularmente de ?Lei do Silêncio?. Ele acredita que se a população utilizasse com mais frequência o recurso policial do Disque Denúncia, ajudaria a elucidar um maior número de ocorrências.
Brenneken reforça que, na maioria das vezes, a vítima é encontrada morta e quando a polícia vai apurar a situação com vizinhos e familiares todos se calam, daí a investigação não consegue avançar. Confira vídeo desta entrevista:
De acordo com dados extraídos de boletins da SSP-BA, nos primeiro 25 dias de 2016, o número de homicídios ocorridos na capital baiana e RMS é de, aproximadamente, 140 casos. Nos 31 dias de janeiro do ano passado, foram registrados 180 crimes desta modalidade.