Com investimento de R$ 300 milhões, novo CT do Bahia será em Camaçari

Segundo Grupo City, projeto respeitará "meio ambiente e cultura local": Com investimento de R$ 300 milhões, novo CT do Bahia será em Camaçari

Por Matheus Caldas.

Com investimento de R$ 300 milhões, novo CT do Bahia será em Camaçari. O Bahia oficializou, nesta segunda-feira (20), que o novo centro de treinamento do clube será construído em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. O novo equipamento, chamado de City Football Academy Bahia, faz parte de um projeto capitaneado de maneira transversal pelo Grupo City.

CEO do Grupo City, Ferran Soriano comandou a apresentação e garantiu que o novo CT do Bahia “respeitará o meio ambiente e a cultura local”. 

Com investimento de R$ 300 milhões, novo CT do Bahia será em Camaçari; Foto: Matheus Caldas/Aratu On

Com investimento de R$ 300 milhões, novo CT do Bahia será em Camaçari

O Grupo City estima investir cerca de R$ 300 milhões no novo CT do Bahia. Esta será a nona City Football Academy do grupo no mundo, a terceira na América do Sul.

Serão 12 campos - quatro para o masculino, dois para o feminino e seis para as divisões de base -, um miniestádio com capacidade para mil pessoas, além de um centro administrativo, hotel e estacionamento para 500 vagas.

Segundo Soriano, o novo CT do Bahia terá, ainda, uso de inteligência artificial e de profissionais vindos de outros países. “Esse centro vai ser de alta performance, do maior nível do mundo, onde os atletas não terão nenhum pretexto para não estar no nível mais alto”, garantiu.

A cerimônia contou com a presente do governador Jerônimo Rodrigues (PT), do vice-governador Geraldo Jr. (MDB), e do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT).

A estimativa é que o equipamento seja entregue até dezembro de 2027. Os licenciamentos ambientais devem ser concluídos até dezembro deste ano.

De janeiro a julho de 2026, o Bahia deve apresentar os estudos preliminares. Entre julho de 2026 e janeiro de 2027 deve haver a terraplanagem.

Novo CT do Bahia e Quingoma

O CEO do Bahia SAF, Raul Aguirre assegurou que o novo CT do clube não será construído em áreas que englobem a comunidade quilombola do Quingoma, em Lauro de Freitas.

“Nunca houve qualquer possibilidade de o Bahia fazer uma obra numa área que é impossível. A gente entende que era especulação e as agências cumpriram seu papel, nós respondemos através dos nossos assessores, mas nunca houve esta consideração”, explicou.

Ele indicou que o clube não conversou com a comunidade, pois o clube “estava deliberando sobre localização somente agora”. “O Bahia tem uma vocação social de vamos ajudar as comunidades que ali começaram a explorar, agora que temos a localização”, explicou.

Segundo o governador Jerônimo Rodrigues (PT), o projeto do Bahia não engloba diretamente o Quingoma, mas áreas contíguas a ele. “Uma parte vai envolver, mesmo que não diretamente. Claro que vamos seguir todas as regras de exigências ambientais, mas a chegada do Bahia vai nos ajudar a proteger esta área de proteção ambiental”, pontuou. 

Quilombo mais antigo do Brasil, o Quingoma, situado em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, é espaço remanescente da resistência negra contra o processo de escravização promovido pelos colonizadores e donos de engenhos de terra do império. Os quilombolas demonstraram preocupação com a possibilidade de o Bahia implantar o centro de treinamento na área da comunidade. 

Os quilombolas travam uma batalha burocrática contra o Estado para preservar a existência da área que ocupam desde 1569, ainda nos primeiros anos de ocupação portuguesa no Brasil. Enquanto isto, a especulação imobiliária avança sobre o Quingoma, com a construção do condomínio Joanes Parque. 

Em abril de 2024, o Ministério Público Federal (MPF) emitiu recomendação conjunta com as defensorias públicas da União (DPU) e do Estado (DPE), no intuito de solicitar que o Bahia se abstivesse de construir o CT no local, e que a empresa MAC Empreendimentos suspendesse a comercialização de apartamentos do condomínio Joanes Parque. 

Além das atividades culturais e agrícolas, o território também abriga iniciativas de educação ambiental e de ecoturismo comunitário. Trilhas são conduzidas por moradores, que apresentam aos visitantes a biodiversidade local e contam a história do quilombo, reforçando a importância da preservação do território frente à crescente especulação imobiliária da região.

Quingoma; Foto: Matheus Caldas/Aratu On

Em agosto deste ano, o MPF voltou a notificar o Bahia para explicar se as obras iriam afetar áreas do Quingoma. O procurador da República, Ramiro Rockenbach, afirmou que a atuação tem objetivo de garantir segurança jurídica e prevenir danos irreversíveis. “Estamos falando de uma comunidade tradicional com direitos reconhecidos e de uma área ambientalmente sensível. O MPF não permitirá que empreendimentos avancem sem a devida consulta e sem respeito às normas constitucionais”, disse.

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