Copa 2023: Campeãs continentais, África do Sul volta ao Mundial com mais experiência e luta por primeiro triunfo
Banyana Banyana tem extensa experiência no continente, mas segue sem vencer em torneios mundiais; título africano motiva novos resultados na Copa
Créditos da foto: Divulgação/FIFA
Até o dia 20 de julho, Aratu On traz perfis especiais sobre todas as seleções que disputarão a Copa do Mundo de Futebol Feminino 2023, sediada nos países da Austrália e Nova Zelândia. Será uma equipe por dia, seguindo o ranking feminino da FIFA em ordem decrescente, com exceção do Brasil que será o último perfil. Confira aqui as publicações anteriores desse especial.
Disputado desde os anos 90, o futebol feminino africano tem poucas nações que já conseguiram levantar um título continental. A principal delas é a Nigéria, que, em 14 edições da Copa da África, já levantou o caneco em 11 oportunidades. Além do país, só mais dois selecionados conseguiram levantar o caneco do torneio: Guiné Equatorial (em duas oportunidades) e a África do Sul, atual campeã e classificada para a Copa do Mundo 2023. Vivendo um dos seus melhores momentos, as sul-africanas vão ao Mundial sonhando com seu primeiro triunfo e uma classificação inédita para o mata-mata da competição.
Início e tabu na busca pelo título africano
Praticado no país desde os anos 60, o futebol feminino viveu décadas na ilegalidade graças ao regime político do Apartheid, não sendo reconhecido nem pelo governo local como pela própria Associação Sul-Africana de Futebol (SAFA). Com o final do regime, no início dos anos 90, a primeira seleção feminina foi oficialmente criada e não demorou muito para fazer sua estreia com uma sonora goleada na Suazilândia por 14 a 0 em um amistoso.
Meses depois, participando pela primeira vez de uma edição da Copa Africana, as Banyana Banyana (Garotas Garotas) foram paradas apenas nas finais, com dois duros resultados de 4 a 1 e 7 a 1 para a Nigéria. Mesmo assim, o vice-campeonato mostrou que a equipe viria para brigar pelo protagonismo no cenário continental.
Ao longo dos anos, mesmo contando com pouco apoio local, foram raras as vezes que as sul-africanas não ficaram entre as quatro melhores do continente. Ao todo foram quatro vice-campeonatos, dois terceiros lugares e três quartas colocações em onze Copas Africanas disputadas. E mesmo que o título não viesse, no mesmo período, a equipe conquistou seis das nove edições da Copa COSAFA - torneio realizado entre nações do sul da África -, reafirmando a força da equipe e aumentando a sua popularidade no cenário local.
Com tantos resultados expressivos, as sul-africanas subiram mais um degrau em 2012, quando venceram o pré-olímpico africano e se classificaram para os Jogos de Londres 2012. Na competição, derrotas para Suécia e Canadá e um expressivo empate sem gols com o Japão foram a campanha do país em seu primeiro torneio a nível mundial.
Em 2016, a situação se repetiu. Classificada para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro após derrotar a forte equipe da Guiné Equatorial na seletiva, as Banyana Banyana caíram novamente contra a Suécia e foram derrotadas pela China na segunda rodada. Na última rodada foram novamente eliminadas precocemente, mas conseguiram um importante 0 a 0 com o Brasil, anfitrião da competição.
Com uma liga semiprofissional cada vez mais representativa no país, com cerca de 140 clubes na disputa do torneio, e uma melhor captação de atletas nas divisões de base, finalmente o sonho de chegar a uma Copa do Mundo se concretizou.
Na disputa da Copa Africana de 2018, as sul-africanas se classificaram em um primeiro da chave, vencendo a toda-poderosa Nigéria, e traçaram um caminho de favoritismo até a decisão. Na final, contra as mesmas nigerianas, a decisão foi perdida em uma amarga disputa de penalidades. Entretanto, o sonho de ir ao Mundial foi alcançado.
https://www.youtube.com/watch?v=lgCZ9RZgaaA
Copa do Mundo, título africano e um futuro promissor
A chegada da África do Sul para a Copa do Mundo de 2019 mudou completamente o futebol no país. Mesmo com uma campanha de três derrotas em três jogos (contra Espanha, China e Alemanha), a ida ao Mundial transformou o cenário nacional e a mentalidade das atletas sul-afriacanas. "A grande lição que aprendemos com a primeira Copa do Mundo é arriscar.
Além disso, precisamos jogar de forma mais compacta e não perder a disciplina no campo de jogo. Precisamos entender que a Copa do Mundo não é igual a qualquer outro nível", afirma a goleira Andile Dlamini, títular das Banyana Banyana na atual formação e um dos pilares da equipe.
Um ano depois da Copa, investimentos da associação e do governo local deram a África do Sul a sua primeira liga profissional e ajudaram na internacionalização das atletas do selecionado. Com atletas que atuam na Espanha, Coreia do Sul, Escócia e Estados Unidos, a disputa para a Copa Africana de 2022 teve um gosto diferente para o país: Venceram novamente a Nigéria na fase de grupos e tiveram um caminho invicto que pavimentou não só sua segunda classificação para o Mundial, como o inédito título africano perante o Marrocos, anfitrião do torneio.
https://www.youtube.com/watch?v=MFPfeDvav_g&t=16s&pp=ygUgc291dGggYWZyaWNhIHdvbWVuIG5hdGlvbmFsIHRlYW0%3D
África do Sul na Copa do Mundo 2023
Em sua segunda participação na Copa do Mundo, as Banyana Banyana estão no Grupo G do torneio, com jogos disputados na Nova Zelândia. Sua estreia acontece no dia 23/7 contra a Suécia, em Wellington. Já no dia 29, as sul-africanas enfrentam a Argentina no Forsyth Barr Stadium, em Dunedin, enquanto o seu último jogo na primeira fase acontece novamente no Wellington Regional Stadium contra a Itália.
Para a disputa do torneio, os grandes destaques vão para a atacante Thembi Kgatlana, que tem 22 gols pelo selecionado, e a goleira Andile Dlamini. Com passagens pelo futebol norte-americano, português, espanhol e chinês, Kgatlana é uma das mais experientes do elenco e esperança de gols para a equipe na Copa do Mundo. Já Dlamini é uma referência de superação e vontade dentro e fora dos gramados.
Goleira da campanha do título da Copa Africana e da conquista da Liga dos Campeões da CAF pelo Mamelodi Sundowns, a arqueira sul-africana chegou as duas conquistas depois de seis meses enfrentando uma doença cardíaca induzida pela Covid-19 durante a pandemia.
"Passei por uma infusão cardíaca durante a Covid e tive que ficar em casa por cerca de cinco a seis meses. Voltei disso e retomei como se nunca tivesse ficado doente. Não me vi não podendo jogar futebol... Senti como se fosse uma pausa, como se fosse um castigo porque tinha uma hora que eu ficava perguntando: 'Por que 'As coisas não estão mudando ou mudando para as jogadoras de futebol?'. Isso foi antes do sucesso. Minha pausa foi Deus tentando me dizer que eu precisava me concentrar no quadro geral e que não era minha hora de desistir", reiterou.
Além delas, atletas como Jermaine Seoposenwe e Hildah Magaia também merecem atenção dos apreciadores da Copa do Mundo de Futebol Feminino.
LEIA MAIS: Copa 2023: Pioneira no futebol feminino africano, Zâmbia busca surpreender na Copa do Mundo
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Disputado desde os anos 90, o futebol feminino africano tem poucas nações que já conseguiram levantar um título continental. A principal delas é a Nigéria, que, em 14 edições da Copa da África, já levantou o caneco em 11 oportunidades. Além do país, só mais dois selecionados conseguiram levantar o caneco do torneio: Guiné Equatorial (em duas oportunidades) e a África do Sul, atual campeã e classificada para a Copa do Mundo 2023. Vivendo um dos seus melhores momentos, as sul-africanas vão ao Mundial sonhando com seu primeiro triunfo e uma classificação inédita para o mata-mata da competição.
Início e tabu na busca pelo título africano
Praticado no país desde os anos 60, o futebol feminino viveu décadas na ilegalidade graças ao regime político do Apartheid, não sendo reconhecido nem pelo governo local como pela própria Associação Sul-Africana de Futebol (SAFA). Com o final do regime, no início dos anos 90, a primeira seleção feminina foi oficialmente criada e não demorou muito para fazer sua estreia com uma sonora goleada na Suazilândia por 14 a 0 em um amistoso.
Meses depois, participando pela primeira vez de uma edição da Copa Africana, as Banyana Banyana (Garotas Garotas) foram paradas apenas nas finais, com dois duros resultados de 4 a 1 e 7 a 1 para a Nigéria. Mesmo assim, o vice-campeonato mostrou que a equipe viria para brigar pelo protagonismo no cenário continental.
Ao longo dos anos, mesmo contando com pouco apoio local, foram raras as vezes que as sul-africanas não ficaram entre as quatro melhores do continente. Ao todo foram quatro vice-campeonatos, dois terceiros lugares e três quartas colocações em onze Copas Africanas disputadas. E mesmo que o título não viesse, no mesmo período, a equipe conquistou seis das nove edições da Copa COSAFA - torneio realizado entre nações do sul da África -, reafirmando a força da equipe e aumentando a sua popularidade no cenário local.
Com tantos resultados expressivos, as sul-africanas subiram mais um degrau em 2012, quando venceram o pré-olímpico africano e se classificaram para os Jogos de Londres 2012. Na competição, derrotas para Suécia e Canadá e um expressivo empate sem gols com o Japão foram a campanha do país em seu primeiro torneio a nível mundial.
Em 2016, a situação se repetiu. Classificada para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro após derrotar a forte equipe da Guiné Equatorial na seletiva, as Banyana Banyana caíram novamente contra a Suécia e foram derrotadas pela China na segunda rodada. Na última rodada foram novamente eliminadas precocemente, mas conseguiram um importante 0 a 0 com o Brasil, anfitrião da competição.
Com uma liga semiprofissional cada vez mais representativa no país, com cerca de 140 clubes na disputa do torneio, e uma melhor captação de atletas nas divisões de base, finalmente o sonho de chegar a uma Copa do Mundo se concretizou.
Na disputa da Copa Africana de 2018, as sul-africanas se classificaram em um primeiro da chave, vencendo a toda-poderosa Nigéria, e traçaram um caminho de favoritismo até a decisão. Na final, contra as mesmas nigerianas, a decisão foi perdida em uma amarga disputa de penalidades. Entretanto, o sonho de ir ao Mundial foi alcançado.
https://www.youtube.com/watch?v=lgCZ9RZgaaA
Copa do Mundo, título africano e um futuro promissor
A chegada da África do Sul para a Copa do Mundo de 2019 mudou completamente o futebol no país. Mesmo com uma campanha de três derrotas em três jogos (contra Espanha, China e Alemanha), a ida ao Mundial transformou o cenário nacional e a mentalidade das atletas sul-afriacanas. "A grande lição que aprendemos com a primeira Copa do Mundo é arriscar.
Além disso, precisamos jogar de forma mais compacta e não perder a disciplina no campo de jogo. Precisamos entender que a Copa do Mundo não é igual a qualquer outro nível", afirma a goleira Andile Dlamini, títular das Banyana Banyana na atual formação e um dos pilares da equipe.
Um ano depois da Copa, investimentos da associação e do governo local deram a África do Sul a sua primeira liga profissional e ajudaram na internacionalização das atletas do selecionado. Com atletas que atuam na Espanha, Coreia do Sul, Escócia e Estados Unidos, a disputa para a Copa Africana de 2022 teve um gosto diferente para o país: Venceram novamente a Nigéria na fase de grupos e tiveram um caminho invicto que pavimentou não só sua segunda classificação para o Mundial, como o inédito título africano perante o Marrocos, anfitrião do torneio.
https://www.youtube.com/watch?v=MFPfeDvav_g&t=16s&pp=ygUgc291dGggYWZyaWNhIHdvbWVuIG5hdGlvbmFsIHRlYW0%3D
África do Sul na Copa do Mundo 2023
Em sua segunda participação na Copa do Mundo, as Banyana Banyana estão no Grupo G do torneio, com jogos disputados na Nova Zelândia. Sua estreia acontece no dia 23/7 contra a Suécia, em Wellington. Já no dia 29, as sul-africanas enfrentam a Argentina no Forsyth Barr Stadium, em Dunedin, enquanto o seu último jogo na primeira fase acontece novamente no Wellington Regional Stadium contra a Itália.
Para a disputa do torneio, os grandes destaques vão para a atacante Thembi Kgatlana, que tem 22 gols pelo selecionado, e a goleira Andile Dlamini. Com passagens pelo futebol norte-americano, português, espanhol e chinês, Kgatlana é uma das mais experientes do elenco e esperança de gols para a equipe na Copa do Mundo. Já Dlamini é uma referência de superação e vontade dentro e fora dos gramados.
Goleira da campanha do título da Copa Africana e da conquista da Liga dos Campeões da CAF pelo Mamelodi Sundowns, a arqueira sul-africana chegou as duas conquistas depois de seis meses enfrentando uma doença cardíaca induzida pela Covid-19 durante a pandemia.
"Passei por uma infusão cardíaca durante a Covid e tive que ficar em casa por cerca de cinco a seis meses. Voltei disso e retomei como se nunca tivesse ficado doente. Não me vi não podendo jogar futebol... Senti como se fosse uma pausa, como se fosse um castigo porque tinha uma hora que eu ficava perguntando: 'Por que 'As coisas não estão mudando ou mudando para as jogadoras de futebol?'. Isso foi antes do sucesso. Minha pausa foi Deus tentando me dizer que eu precisava me concentrar no quadro geral e que não era minha hora de desistir", reiterou.
Além delas, atletas como Jermaine Seoposenwe e Hildah Magaia também merecem atenção dos apreciadores da Copa do Mundo de Futebol Feminino.
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