LUTO: Morre fotógrafo Eduardo Martins, craque na arte de fotografar o futebol
LUTO: Morre fotógrafo Eduardo Martins, craque na arte de fotografar o futebol
Fotógrafo, com experiência de cobertura em duas Copas do Mundo (2010 e 2014), Eduardo Martins, 46 anos, morreu na noite da última quinta-feira (17/11) no Hospital Teresa de Lisieux, em Salvador, em decorrência de um câncer no fígado.
Ele vinha lutando contra a doença há dois anos. Por conta das sessões de quimioterapia, estava afastado do Jornal A Tarde, onde, brilhantemente, exercia a função de fotógrafo esportivo. É dele algumas das imagens mais emblemáticas da dupla Ba-Vi nos últimos anos.
Tinha um gosto especial por fotografar o futebol e criava artimanhas para garantir as melhores imagens das partidas. Em geral, conversava com o jogador antes e pedia que, quando fizesse o gol, corresse em direção a sua lente. Em troca, depois, presenteava o mesmo com um CD contendo as melhores imagens do atleta.
Na Copa de 2010, na África do Sul, Martins foi o enviado de A Tarde para representar o diário por meio de suas imagens impactantes. Inteligente, se destacou não apenas por registrar gols e lances de disputa dos jogadores.
No bairro de Soweto, um dos mais pobres de Joanesburgo (capital da África do Sul), fez uma foto de um grupo de meninos comemorando um gol da seleção local. A imagem é uma daquelas recheadas de poesia sem precisar que uma linha sequer seja escrita. No aniversário de 100 anos de A Tarde, em 2012, a foto foi uma das escolhidas para estampar o painel que homenageou o centenário do periódico.
Um dos segredos de Eduardo Martins para garantir boas imagens era sempre chegar muito cedo aos jogos. Muito cedo mesmo. Se a partida estava marcada para às 16h00, ele costumava chegar às 11h no estádio. Montava seu equipamento no melhor local possível (não tinha concorrência já que só havia ele lá) e ficava esperando o horário da bola rolar. Em viagem com repórteres comia quase sempre lasanha no almoço — o que fez se tornar alvo de brincadeiras constantes na redação. Devolvia as mesmas sempre no espírito bem humorado que marcava sua personalidade.
Torcia fervorosamente para o Corinthians, mas tinha simpatia tanto por Bahia quanto pelo Vitória. Levava bandeiras dos dois clubes em seu colete de trabalho. A tática era mais uma de suas artimanhas. Se estivesse fotografando torcedores durante um Ba-Vi e, por algum acaso, fosse interpelado sobre qual time torcia, a depender da predileção de quem perguntava, sacava a bandeira correspondente. “Era uma forma de ganhar a simpatia do torcedor e fazer minha foto”, brincava.
Martins foi o primeiro fotógrafo da Bahia a conseguir entrar na Fonte Nova interditada para fazer a imagem do buraco que matou sete torcedores, em 2007. À época, a direção do jornal havia prometido uma folga de 10 dias para quem conseguisse tal feito. Sem saber da promessa entrou, fez a foto e, ao invés de gozar do descanso, preferiu trocar por mais trabalho. Negociou uma viagem a São Paulo para cobrir a final do Corinthians na Copa do Brasil, no ano seguinte. Um episódio que resume três de suas paixões: a fotografia, o trabalho bem executado e o Corinthians.
O corpo de Eduardo Martins foi cremado nesta sexta-feira (18/11) no Cemitério Bosque da Paz, em Sete de Abril. Eduardo deixa esposa e um filho, Bruno Martins, de 20 anos.