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ÁVINE CONTA TUDO: Lateral fala em perseguição dentro do Bahia, reafirma “despreparo” do presidente e diz que jogaria no Vitória

ÁVINE CONTA TUDO: Lateral fala em perseguição dentro do Bahia, reafirma “despreparo” do presidente e diz que jogaria no Vitória

Por Diego Adans

ÁVINE CONTA TUDO: Lateral fala em perseguição dentro do Bahia, reafirma “despreparo” do presidente e diz que jogaria no VitóriaDiego Adans / Aratu Online

Camisa, ok ! Short, ok! Meião, ok! Caneleira, ok! Chuteira, ok! Protetor solar, ok! Pronto… durante  14 anos este era o ‘check list’, melhor dizendo, o ritual feito por Ávine Júnior Cardoso, o Ávine, antes de iniciar os treinos quase que diários no Fazendão. Desde a última segunda-feira (2/3), porém, após o término de contrato com o Bahia, a rotina do lateral esquerdo, de 28 anos, é outra.


Nada de sol no juízo, tampouco calor. De tênis, camisa regata e um ‘lanchinho’ (barra de cereal e repositor energético) em mãos, Ávine chega à clinica AF Fisioterapia, em Ondina, para mais um dia de ‘treino’. No local, totalmente climatizado, ele é acompanhado pelos fisioterapeutas Fábio Arcanjo e  Anderson Delano, além de toda uma equipe que tem desde nutricionista à educador físico.


E nesse ‘novo lar’, Ávine, que viveu do céu ao inferno no Tricolor de Aço — o lateral participou do acesso tricolor à Primeira Divisão em 2010 e estreou no profissional com o clube na Série C, em 2006 — concedeu entrevista exclusiva ao Aratu Online. No bate-papo, ele falou entre outros assuntos sobre sua rotina, propostas de clubes, Campeonato Baiano e ‘soltou o verbo’ na atual diretoria.


O lateral não poupou críticas ao presidente Marcelo Sant’Ana, tampouco ao gerente de futebol do clube, Éder Ferrari. Este último, por sinal, é o principal alvo da ‘ira’ de Ávine, que afirma “O Éder  não está 100% preparado. Ele persegue os funcionários do clube”. Ficou curioso? Então confira a entrevista e veja nossos vídeos:


ENTREVISTA – 


Quatro dias após o término de seu contrato com o Bahia, qual é a rotina do Ávine ?


A minha rotina é a mesma de quando eu tinha contrato com o Bahia. Porém, ao invés de ser no Fazendão é aqui nessa clínica (AF Fisioterapia), com esses meus amigos, que estão me acompanhando há um bom tempo (três anos). Então, eu sempre venho para cá para fortalecer a musculatura e fazer esse trabalho direcionado para que quando eu volte a jogar, não sinta muitos incômodos.


Já existe contato com algum clube? Fala-se de uma proposta dos Estados Unidos, que você recebeu, mas o Bahia não quis…O que de fato aconteceu?


Não é que o Bahia não quis. Como o Bahia já não tinha interesse em mim, eles simplesmente acabaram me queimando para este clube dos Estados Unidos (Ávine preferiu não falar o nome do clube “para não atrapalhar futuras negociações”) , falando mal de mim e o clube recuou. Mas eu continuei trabalhando, já houve contatos de outros clubes. Estou fazendo meu trabalho bem feito aqui, por que eu sei que de uma hora para outra pode pintar algum clube e eu possa estar fazendo o que eu mais gosto que é jogar.


Seu contrato com o Bahia acabou no último domingo( 29/2). Foram 14 anos de história no clube. Um dia antes, o Bahia fez um ‘emblemático’ amistoso com o Orlando, nos Estados Unidos (derrota por 6×1). Você não imaginou estar lá? Fazer sua despedida do Bahia…você sentiu ter deixado o clube pela porta dos fundos?


Eu acho que não. Eu sempre fiz meu trabalho da melhor maneira possível, sempre trabalhei respeitando todo mundo. Eu sairia pela porta dos fundos se eu não tivesse nem trabalhando dentro do clube, mas eu estava trabalhando normalmente, em período oposto, mas estava trabalhando, fazendo minha parte … Porque, até então, eu tinha contrato e queria cumprir até o final da melhor maneira possível. Então, eu sai de cabeça erguida e da mesma forma que eu sai de cabeça erguida, eu creio que um dia eu ainda vou voltar.


Você ainda tem esperança?


Sim, isso é um desejo meu. Mas (pausa, seguida de respiração profunda)… é um pouquinho para o futuro, quando houver uma mudança de direção. Aí, sim, eu penso em voltar para o Bahia e fazer o que eu queria fazer esse ano, que era dar mais alegria ao torcedor, conquistar o acesso (nesse momento, os olhos de Ávine ficam marejados) e provar definitivamente para todos que eu estou muito bem.



Ainda falando do amistoso, o Ávine sentiu vergonha ?


Sim..eu assisti ao jogo com minha família, meu filho também. Eu me senti muito incomodado com isso. Antes mesmo do jogo, jogadores tirando foto, todo mundo tirando foto postando em rede social, gente que foi e eu nunca vi. Faltou um pouco mais de concentração de todos, até por que jogo é jogo não importa contra quem e qual é a ocasião. Fica ruim para imagem de todo mundo, ainda mais jogando fora do Brasil, passar a vergonha que passou . O Bahia que é um time grande, então isso fica manchado.Mas cabe agora, cada um deles mudar a história no Campeonato Baiano.


Durante essa semana, torcedores e até alguns integrantes da imprensa esportiva, tem criticado, especialmente, a postura do gerente de futebol, Éder Ferrari. De fato, há motivo para tanto? Ele é um profissional que não é bem quisto pelos jogadores?


Sim…Como saiu várias notícias agora. O Éder, ele não tem uma postura de como deveria ter dentro do clube. Teve até uma perseguição dele em cima de um funcionário do clube, não só de um , de outros também. Eu fiquei chateado com isso, porque são profissionais que sempre procuraram dar o melhor de si dentro do clube, ajudando da melhor maneira possível e ele a todo momento perseguindo esses funcionários e era nítido… Alguns jogadores sempre comentavam, sempre falavam da postura dele dentro do clube. Então, ele não está 100% preparado como ele achou que devia estar para assumir um clube tão grande como o Bahia.


Curiosamente, ano passado você deu uma entrevista e disse que o “presidente Marcelo Sant’Ana não estava preparado para assumir o clube”. Você se arrepende dessa afirmação?


Não, não me arrependo de nada. Não só de ter falado isso como de outras atitudes que eu já tomei dentro do clube. Todo esse tempo que eu vivi no Bahia, sempre fui verdadeiro, sempre fui eu mesmo. Nunca precisei de opinião de um ou de outro para falar o que eu pensava e, em relação a isso, não me arrependo também não.


Você ainda pensa em processar o Bahia?


Já falei várias vezes, em outras ocasiões também que isso não passa pela minha cabeça , de maneira nenhuma. Isso daí já é passado, agora eu estou vivendo um outro momento, estou muito feliz e agora quero dar sequencia na minha carreira e continuar jogando, que é o que eu amo fazer. E eu creio que logo, logo, estarei fazendo isso.


Você aceitaria, caso surgisse, uma proposta para defender o maior rival do Bahia, o Vitória?


(Risos). Então… esses dias para cá, eu tenho recebido umas mensagens no meu Instagram de torcedores do Vitória, pedindo para eu ir para lá. O torcedor reconhece quando o jogador honra a camisa que veste, se dedica, ele dá o melhor de si dentro de campo. Como eu já falei em outras oportunidades, eu sou profissional, hoje eu tenho isso muito claro na minha cabeça, se depender de mim para ajudar minha família, eu vou fazer e, se tiver oportunidade para eu ir para lá, eu irei sim.



E num possível Ba-Vi, o Ávine fazendo gol contra o Bahia…


Eu não sei… (pausa, seguida de respiração profunda). Eu não comemoraria, mas, ao mesmo tempo, sim. Pelo que fizeram comigo no clube, pela injustiça que fizeram e, automaticamente, pelo respeito que eu tenho com a torcida do Bahia. Então, de coração, no momento, eu não sei o que eu faria. Torcedor do Bahia sabe que eu sempre vou respeitar , independente do clube que eu estiver, para onde eu for, sempre vou respeitar.


É a segunda vez que você fala de injustiça da diretoria do Bahia. Você se sentia perseguido pela diretoria? Não chegavam a conversar contigo de renovação, alguma coisa nesse sentido.. Te colocaram de “escanteio”?


Eu acho que sim. Primeiro que na diretoria ninguém veio falar comigo. Éder então, principalmente. Ele passava e, praticamente, nem me olhava. Então eu acho que isso não é atitude de diretor [Éder ocupa o cargo de gerente]. Atitude de diretor ele chega, conversa, expõe o que ele pensa, olho no olho. Depois que eu fui afastado, depois de tudo que aconteceu, eu fui conversar com o presidente, fui expor para ele como estava me sentindo e (pausa).. fui surpreendido que ele me disse que quem não queria que eu ficasse no elenco era o treinador, Doriva. Então, eu fiquei meio assim. Porque antes, eu tinha conversado com o Doriva e ele me disse (que a decisão de afastar e não renovar com Ávine) partiu da diretoria de me afastar. Um jogo para o lado, o outro para o outro. Eu fico sem saber qual é a verdade nessa história, fica esse sentimento de tristeza, mas bola para frente…Vou dar continuidade na minha carreira, se Deus quiser algo muito bom vai acontecer ainda.


Veja a resposta de Éder Ferrari ao fim desta entrevista


Você ainda mantém contato com os jogadores do Bahia. Bate saudade?


Agora nesse grupo atual não muito.Não fiz muito amizade, por que são atletas novos também. Mas já tinha lá, o Feijão que voltou. Mas amizade dentro do clube mesmo são os funcionários, tanto de rouparia, massagista, enfim..Eu tenho amizade com eles, sempre falo com eles por telefone, por mensagem nos falamos sim.


E quanto ao Campeonato Baiano quem você acha que fatura. O Bahia?


Não sei porque o campeonato está começando agora. Eu espero que sim. Rapaz…o time está forte, tem jogadores de qualidade no elenco, mas o que não pode acontecer é deixar as coisas internas atrapalharem. Certas coisas que acontecem dentro do clube, que acaba influenciando os jogadores e meio que os jogadores levam para dentro de campo e acaba atrapalhando.


Você acredita que este ano, enfim, o Bahia retorna à elite? O que fata para isto?


Pensamento de time grande. Não só pensamento, mas atitude também de pessoas que estão dentro do clube, que acham que são melhores do que todo mundo. Eu não vou dar nome, para não dar direito de reposta a nenhum deles, então…. o torcedor não é menino, não é besta, sabe quem é quem dentro do clube. Vamos ver, vamos aguardar e espero que o Bahia suba, que o ano passado bateu na trave, por pouco não subiu , mais uma vez, deixou o torcedor passando vergonha, o torcedor que sempre vai ao estádio, mesmo chovendo, no sol… Então espero que este ano, suba.


Houve corpo mole na reta final do ano passado?


Não. Acredito que para um atleta jogar no Bahia ele não pode estar desmotivado nunca. Não acho que tenha sido esse motivo da permanência na Série B.


Ano passado, o Ávine ostentava uma barba volumosa. Qual era, de fato, o  motivo? 


Na época, eu fiz um proposito com Deus, lá na igreja. Em oração, conversando com Deus eu falei: vou deixar a barba crescer até o senhor me colocar dentro de campo novamente, enquanto esse milagre não acontecer, eu não tiro a barba e nem corto. Foi isso que aconteceu e as pessoas começaram a estranhar e eu não podia falar o motivo enquanto não acontecesse. E a partir do momento que eu voltei a campo, pude jogar e estava bem , já estava meio que acostumado com a barba, deixe continuar. Mas depois lembrei que tinha feito esse propósito com Deus e não poderia deixar de tirar.


Você se considera ídolo do clube?


Me sinto querido pela torcida por tudo que representei durante todos os anos que estive defendendo a camisa do Bahia. Acho que o Bahia tem grandes ídolos em sua história. Não quero me comparar a eles.


Veja vídeos da rotina de Ávine nos treinos:




Resposta de Éder Ferrari sobre os questionamentos de Ávine.


Realmente eu não devo ter postura. Menti ano passado para ele (Ávine) jogar. Na véspera do jogo contra o Paysandu, Sérgio Soares estava sem os laterais que vinham jogando. Sérgio, depois de uma conversa  que tivemos, então decidiu colocar Ávine. Porém, no treino, que antecedia à partida, já se passava das 8h30, horário que começava a atividade no campo, e nada de Ávine no Fazendão. Aliás, como de costume. Liguei para ele e ele estava acordando. Era 8h35. Expliquei a situação , que ele iria voltar a jogar no dia seguinte. Inventei uma história de supetão. Disse que era para ele vir correndo e dizer a Sérgio ( Soares) que tinha me ligado umas 6 horas da manhã, dizendo que tinha ido ao hospital levar o filho, que havia passado mal a noite. Por isso chegaria atrasado ao treino. Assim foi feito. Confirmei a “história” a Sérgio. Ávine chegou depois de 9 horas, participou de 20 a 25 minutos no máximo da atividade e jogou no outro dia. Se não fosse eu, mentindo para protegê-lo, ele nem teria voltado a jogar ano passado. Realmente essa atitude que tomei, é de quem não tem postura e persegue os funcionários…


 


 


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