ADEUS: Morre Antônio Pena, 86, fundador da Catuense e grande mecenas do futebol da Bahia
ADEUS: Morre Antônio Pena, 86, fundador da Catuense e grande mecenas do futebol da Bahia
Morreu na manhã deste sábado (6/2) o empresário e ex-presidente de honra da Catuense Antônio Pena, aos 86 anos. Pena sofreu um acidente de carro próximo à cidade de São Sebastião do Passé em 22 de janeiro e ficou em coma induzido por quinze dias no Hospital São Rafael, em Salvador.
No início desta semana seu quadro apresentou leve melhora. Segundo a família, chegou a respirar sem o auxílio dos aparelhos. Nos últimos dias, porém, os problemas clínicos agravaram e ele e veio a falecer às 8h30 deste sábado.
Em nota, a Catuense confirmou a morte. O sepultamento será neste domingo (7/1), às 11 da manhã em Catu.
Antônio Pena fundou a Catuense em janeiro de 1974 juntamente com outros nove empresários. No entanto, seu nome sempre foi o mais forte à frente da agremiação.
O clube nasceu inicialmente como liga amadora que disputava jogos semiprofissionais na cidade de Catu. Antônio Pena já havia tido experiência no futebol como vice-presidente do Galícia — tornando-se campeão baiano com o time Granadeiro em 1968.
Na década de 1970 já empresário e dono de uma frota de ônibus que atendia quase 30 municípios baianos resolveu criar um time de futebol homônimo à da sua empresa de transporte coletivo.
Muitas vezes a própria empresa bancava os custos operacionais do clube. Há uma história muito curiosa quando negociou com o Botafogo (de Salvador) a vinda do meia Roberto Nascimento. O Botafogo não tinha um ônibus e Pena resolveu fazer escambo: trocou o jogador pelo veículo.
Há mais excentricidades em prol do clube. Os funcionários da empresa de ônibus eram todos — obrigados a ser — sócios da Catuense. E para tanto tinham que contribuir com a agremiação. A fórmula? Descontar parte dos vencimentos já no contracheque para levantar fundos para os caixas do time de futebol.
Seu lado desportista falou mais alto em vários momentos. Chegou a emprestar chuteiras da Catuense para jogadores do Atlético de Alagoinhas para que este não tomasse W.O. em campo. Detalhe: as duas equipes são rivais na região.
Na década de 1980, o Bem-Te-Vi, apelido carinhoso da equipe de Pena, revelou uma série de jogadores que viriam a despontar no cenário nacional. Sandro, Zanata, Naldinho, Vandick, Luís Henrique são alguns bons exemplos.
O time do Bahia campeão brasileiro de 1988 tem um quê da Catuense. O principal craque daquela equipe, Bobô, saiu da seleção intermunicipal de Senhor do Bomfim para brilhar inicialmente nos gramados da equipe de Catu — e posteriormente do Brasil, chegando até a ser convocado pela Seleção Brasileira.
Antônio Pena foi ainda prefeito de Catu na década de 1980 mantendo relações políticas com o grupo de Antônio Carlos Magalhães — líder baiano do período.
Em Catu o estádio municipal da cidade ganhou seu nome para homenageá-lo. Por conta do futebol colecionou momentos memoráveis como foto ao lado da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano.
No início do ano passado, a Catuense anunciou que fecharia as portas por falta de patrocínio. O clube está funcionando atualmente apenas com as divisões de base e é dirigido por Roberto Pena — neto do fundador falecido neste sábado.