Sabia que a capoeira, símbolo da cultura nacional, já foi considerada crime?

A capoeira nasceu como forma de defesa e preservação cultural dos africanos escravizados trazidos ao Brasil, mas por muito tempo foi considerada atividade criminosa

Por Dinaldo dos Santos.

Neste domingo, 3 de agosto, é celebrado o Dia do Capoeirista, data que homenageia os praticantes de uma das expressões culturais mais emblemáticas do Brasil. Mais do que um simples jogo de corpo e música, a capoeira carrega em seus movimentos uma história marcada por resistência, luta e transformação social.

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A capoeira nasceu como forma de defesa e preservação cultural dos africanos escravizados trazidos ao Brasil. Misturando golpes, acrobacias e musicalidade, ela foi desenvolvida como arte disfarçada de dança, uma maneira de resistir ao sistema opressor que proibia os escravizados de se defenderem.

A capoeira é considerada símbolo de resistência. Foto: Feita por IA

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No entanto, por muito tempo, a capoeira foi considerada atividade criminosa. Em 1890, um decreto da recém-proclamada República classificou sua prática como contravenção penal, associando-a à marginalidade. Praticantes eram perseguidos, presos e estigmatizados. Só a partir da década de 1930, com a atuação de nomes como Mestre Bimba, a capoeira começou a ser reconhecida como disciplina de valor social e cultural.

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Foi esse mesmo Mestre Bimba que criou a Capoeira Regional, mais estruturada e voltada ao ensino formal. Sua academia em Salvador foi a primeira reconhecida oficialmente. Em paralelo, Mestre Pastinha preservava a tradição da Capoeira Angola, mais próxima da raiz africana. A dualidade entre tradição e inovação pavimentou o caminho para que a capoeira ganhasse status de patrimônio.

Capoeiristas. Foto: Ilustração | Pexels

A virada cultural veio oficialmente em 2008, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) registrou a capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Em 2014, o reconhecimento alcançou o mundo: a Roda de Capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Hoje, estima-se que mais de 6 milhões de pessoas pratiquem capoeira no Brasil. A arte também ganhou projeção internacional, com academias, rodas e mestres em dezenas de países. Ela é, atualmente, um instrumento de inclusão social, identidade étnica, disciplina corporal e preservação da memória afro-brasileira.

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