Ícones da comunicação celebram Dia do Radialista e destacam inovação do rádio
Pablo Reis, João Andrade e Marcelo Góis comemoram Dia do Radialista e citam perfil social e inovador do rádio
Por Matheus Caldas.
Hoje, você está acostumado a assistir tudo pela tela do celular ou da televisão. É tudo fácil. Mas houve momento na história em que eram os ouvidos que faziam a imaginação reproduzir as imagens em nossas cabeças. Momentos históricos, como os títulos da Seleção Brasileira nas Copas de 1958 e 1962, foram comemorados com os ouvidos grudados no rádio. E, nesta sexta-feira (7), é celebrado o Dia do Radialista, profissão responsável por narrar momentos importantes para os brasileiros.
Um dos narradores mais icônicos da Bahia, com quase 40 anos de carreira, João Andrade crê que o rádio tem importância fundamental para a sociedade. “Pincipalmente para o povo do interior e de idade mediana. Essa galera não sabe trabalhar com o celular”, avalia, em entrevista ao Aratu On, em celebração ao Dia do Radialista.
João Andrade voltou ao rádio neste ano, após três anos e meio longe de equipes esportivas. Ele foi contratado pela rádio Baiana FM, após passagens de sucesso por Metrópole, Transamérica e Tudo FM. “Hoje, o rádio ainda tem uma importância grande. Não à toa eu estava louco para voltar”, celebra.

Durante este período, o Pressão no Turbo, como é conhecido, experimentou novas modalidades de transmissão em canais no YouTube. Embora considere que a plataforma “salvou sua vida”, o narrador se classifica como “forjado no rádio”. “Se não fosse o YouTube, eu não estaria com a voz calibrada, com minha embocadura prontinha para voltar para uma equipe esportiva, mas eu não gosto de YouTube: gosto de rádio”, conta.
Ele diz que os canais no YouTube, pelos quais narrou jogos de Bahia e Vitória, o acolheram durante o afastamento do rádio. “Às vezes, o mundo é ingrato. Você não pode ser o só melhor. Você tem que estar envolvido no grupo. O melhor, às vezes, é o cara que ganha mais, então a cabeça que rola na crise é a do melhor que ganha mais”, afirma.
Para o jornalista Marcelo Góis, repórter da rádio Sociedade, o rádio é um dos meios mais importantes da história da comunicação. “Vai além de um entretenimento, porque o rádio informa, o rádio tem opção cultural, tem a questão da cidadania, de ajudar pessoas e, claro, integra toda uma sociedade”, enaltece.
Da nova geração do jornalismo, Góis enaltece a modernização das transmissões do rádio. Na Sociedade, ele participa de jornadas esportivas também publicadas no YouTube. “Essa questão visual da coisa fica bem mais bacana. A interatividade e as linguagens da internet adequadas ali no rádio, que sempre teve uma pegada diferente”, comemora.
Góis também destaca os podcasts como uma “evolução direta do rádio”. “Entrevista ali num estúdio com equipamento de rádio, com microfones, específicos para rádio, com liberdade de temas. É muito bacana e claro, a tradição e a inovação lado a lado”, pontua.

Apresentador do programa Linha de Frente, na rádio Antena 1, o jornalista Pablo Reis tem carreira consolidada na TV e no jornal impresso. No entando, desde 2024, passou a experimentar a plataforma. Para ele, o rádio conseguiu se reinventar e superar várias previsões de especialistas de que ele seria extinto.
Na visão do jornalista, que também apresenta o jornal Aratu Notícias, na TV Aratu, o rádio demonstra que tem “muita lenha para queimar”. Hoje, fica claro que é um veículo marcado pela instantaneidade, pela interatividade e também pela multiplataforma, usando recursos de multimídia e transmissão online pela internet, com imagens também”, ressalta.
Para Pablo, que celebra o Dia do Radialista, além da tradição, o rádio possui “penetração social muito grande”. “A extinta AM conseguia ser alcançada nas zonas mais distantes de nosso estado, em localidades que se tornou o único veículo de comunicação social disponível”, relembra.
“Essa penetração e capilaridade revestiu o veículo de um significado muito forte com as comunidades mais carentes de serviços essenciais”, emenda.

Futuro do Dia do Radialista
Para que esta data continue sendo celebrada, o rádio precisa continuar existindo. Para Pablo, “o caminho é uma convergência digital ainda maior, com uma simbiose entre os vários veículos”.
Na visão de João Andrade, as transmissões no YouTube deram fôlego ao rádio, apesar das dificuldades de mercado e venda de anúncios enfrentadas atualmente. “Os meninos do YouTube estão dando 1x0 nas rádios convencionais, porque elas ficaram sem bala na agulha ou não querem mais viajar, porque o custo com tubão é muito menor. Os caras do YouTube estão viajando”, pondera.
Andrade também considera que a convergência renovou o meio radiofônico. “Salomão Batista me disse assim: “hoje em dia, o cara compra um tripé na Shopee, uma mesinha, bota o tripé debaixo do braço e vira radialista”. Na nossa época era uma dificuldade incrível. Mas, diante disso, é muito bom ver a renovação dos radialistas, porque estava carente”, comemora.
Marcelo Góis crê que, mesmo com dificuldades, o rádio continuará se reinventando. “Vai se consolidar ainda mais no meio digital, já que as transmissões via streaming, aplicativos de rádio online, trarão muito mais qualidade de som e, claro, de alcance além da integração com outras plataformas, facilitando a vida do ouvinte”, conclui.
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