REVOLTA TAMBÉM DO CAMPO GRANDE: Ambulantes se queixam da fiscalização: ?Ano que vem, não voltaremos?
REVOLTA TAMBÉM DO CAMPO GRANDE: Ambulantes se queixam da fiscalização: ?Ano que vem, não voltaremos?
Os ares de alegria e festa que um olhar mais superficial facilmente enxerga no Carnaval de Salvador parecem não estar sendo compartilhados com os vendedores ambulantes que trabalham nos principais circuitos da folia. As manifestações realizadas na Barra, nesta segunda e terça-feira, são um sintoma claro de que, para eles, algo não vai bem.
Situação semelhante pôde ser facilmente constatada no Campo Grande. Revoltados com a ?truculência? dos fiscais que trabalham para garantir a exclusividade da venda de uma única marca de cerveja, os profissionais das ruas ameaçam: ?Se continuar assim, ano que vem não voltaremos. E não tem Carnaval sem a gente?. A frase em tom ameaçador é de Ivana Liana de Souza, que viu mais de R$ 1.000 em mercadorias serem levados por funcionários da prefeitura de Salvador.
A justificativa? Segundo ela, a alegação apresentada é de que não é permitido o armazenamento do material nas calçadas, ainda que esteja próximo aos pontos de venda, explicação que não convenceu a vendedora. ?Eu paguei R$ 124,00 na licença, mais R$ 300,00 no kit, só vendo Schin e minha mercadoria é levada desse jeito? E eu só posso retirar na próxima semana. O que vou fazer com ela depois que acabar o Carnaval??.
Levada a uma reflexão após o movimento dos seus companheiros na Barra, ela analisa as razões pelas quais o mesmo não se repete no Campo Grande. ?O povo aqui só sabe falar. Porque se alguém quiser fazer protesto, eu vou na frente. Isso está errado?.
Melina Espinosa, 35 anos, reclama da falta de liberdade no comércio do Carnaval. ?Cada um precisa ter o seu livre arbítrio?. Sobre possíveis manifestações, ela diz desconhecer, mas em sua opinião ?deveria ter?. ?O nosso lucro é quase nenhum. Já perdi quase sete noites aqui. Até o gelo aumentou de preço. Fora almoço, lanche, banho….?.]
E até quem já trabalha nas ruas desde outros Carnavais, diz não se lembrar de nada parecido com o que tem sido visto nos últimos anos. Maria Madalena da Silva, 76 anos, já perdeu as contas de quantas folias já foram vividas desse jeito e também reclama da situação. ?O prefeito não deve mandar (a fiscalização) fazer isso. Eu estou aqui porque preciso. Tenho até vergonha de dizer o dinheiro que eu recebo do Estado?.
Aflição. Esta é a palavra que ela encontra, do alto de sua experiência, para definir a experiência de trabalhar como vendedora ambulante no Carnaval deste ano. Quem pesquisar o significado do termo encontrará algo parecido com ?sentimento persistente de dor física ou moral, ânsia, agonia, angústia?, termos que não deveriam fazer parte do dicionário da festa, mas que não podem ser ignorados por quem faz parte dela.