NOVOS TEMPOS: Festa de Yemanjá levanta voz contra Lama da Samarco e aplaude presente ecologicamente sustentável
NOVOS TEMPOS: Festa de Yemanjá levanta voz contra Lama da Samarco e aplaude presente ecologicamente sustentável
A festa de Yemanjá virou um espaço também de protesto político e consciência ambiental. Durante muitos anos o culto à Rainhas das Águas foi criticado pelas oferendas que eram depositadas no mar, como a colocação pelos devotos de espelhos, sabonetes, perfumes, roupas etc.
Tudo isso poluía o oceano e contradizia o propósito defendido pela orixá: cuidar e preservar as águas. Agora a consciência ambiental clama por produtos ecologicamente corretos. A campanha “Presença, sim! Presente, não” foi lançada pela ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, em artigo escrito no Jornal A Tarde, em dezembro passado. ?Meus filhos serão orientados a oferendar Iemanjá com harmoniosos cânticos?, escreveu.
O casal Emanuel e Adriana Cairo obedecem as recomendações da líder religiosa. Trouxeram perfume para Yemanjá, mas, ao invés de depositar o frasco de vidro no mar, colocaram apenas a essência de cheiro misturando-a com as águas.
“É essa a consciência que precisamos ter”, disse o administrador de empresas.
O pai de Santo Sérgio Beijamin, 54, reforça o discurso. “A palavra chave é consciência. Enquanto não preservarmos nosso ambiente estaremos nos destruindo. Orixá é energia. Se cuidarmos bem da nossa água estaremos renovando um espaço de energia forte interligada a nós mesmos”.
Benjamin é mineiro. Veio à festa na Bahia pela primeira vez. Em Minas Gerais, seu estado, ocorreu em novembro passado umas das maiores tragédias ambientais do mundo: a ruptura da barragem do Fundão, da empresa Samarco. O desastre, na cidade de Mariana, trouxe uma quantidade gigantesca de rejeitos de minério para dentro do Rio Doce, destruindo a fauna e a flora do rio e do oceano.
“Quando a ganância destrói o mar estamos destruindo tudo. Temos que ter essa consciência”, diz o pai de santo.
“Encontro o mar todo cheio de copo plástico, garrafa. Tudo sujo. Isso mata os peixes e destrói nosso sustento. Temos que cuidar disso aqui tudo que é importante pra tanta gente”, diz o pescador Marcelo Martins, 43 anos.
O Sargento Rafael, da Marinha, informou à nossa reportagem que orienta o pessoal a não colocar produtos biodegradáveis. “Essa não é efetivamente uma atribuição nossa. Mas estamos sempre atentos à poluição ambiental”, diz.