A coisa pública e o sentimento de pertencimento
Hoje eu quero convidar vocês a refletirem comigo sobre sentimento de pertencimento a partir da visão de um ativistas da função social da empresa.
Vocês já perceberam que nossas relações com os serviços públicos são totalmente diferentes das que vivenciamos diante dos serviços privados? Diante dos serviços privados, como saúde e educação, por exemplo, exigimos o melhor atendimento, o melhor serviço, sempre. Mas, como nos comportamos diante da coisa pública?
Nas empresas, por exemplo, nossa postura, seja como empregador, empregado ou prestador de serviço, é a de que temos direitos e que, portanto, podemos exigir o pleno atendimento aos nossos anseios, seja porque trabalhamos, prestamos serviços ou até mesmo por sermos empregadores. É uma relação na qual temos consciência dos nossos direitos e adotamos atitudes para exigi-los. Esta é uma realidade bastante clara, o caro leitor há de concordar.
Porém, quando partimos para as nossas relações com a coisa pública, nossos sentimentos são totalmente diferentes. Não judicializamos questões, não brigamos pelos nossos direitos. Nem mesmo em relação àqueles que estão previstos na nossa Constituição Federal, como a oferta de serviço público com eficiência, conforme art. 37. Trata-se de uma gritante percepção de que não temos cultura de pertencimento.
Percebam como a palavra pública foi afastada do cidadão, como se não nos pertencesse. Não temos a plena consciência de que o público também é nosso. Que também temos direito a serviços públicos eficientes. Agimos como se não pagássemos por isso. Mas, pagamos, sim. E é um preço muito caro. Nosso país tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. E quem paga somos nós: empregados, empregadores, prestadores de serviços.
Portanto, é evidente que temos direito a serviços públicos de qualidade e precisamos ter plena consciência disso. Isso é ter sentimento de pertencimento. Precisamos de atitudes que nos levem a construir isso. Criar uma unidade de pertencimento entre empresa, empregadores, empregados, prestadores de serviços, todos nós, cidadãos brasileiros.
Agir como ativista da função social da empresa é também ter sentimentos de pertencimento, ter consciência do que é nosso.
*Este material não reflete, necessariamente, a opinião do Aratu On.