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“Nobel” na Geografia e perseguido pela ditadura: conheça Milton Santos, que dá nome à antiga Avenida Adhemar de Barros

Avenida, a principal da Ondina, passa em frente ao campus da Universidade Federal da Bahia, onde Milton se formou e foi professor

Por Matheus Caldas

“Nobel” na Geografia e perseguido pela ditadura: conheça Milton Santos, que dá nome à antiga Avenida Adhemar de BarrosCréditos da foto: divulgação / UFSB

Após pressão de acadêmicos e da sociedade civil, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (UB), sancionou na última terça-feira (22/2) a lei que modifica o nome da Avenida Adhemar de Barros para Milton Santos. O local é a principal via do bairro de Ondina. No entanto, você sabe quem é ele?


Nascido em 3 de maio de 1921, em Brotas de Macaúbas, a 580 km de Salvador, Milton Santos foi um dos mais importantes geógrafos do mundo no século XXI.  Referência em temas como globalização e discussão sobre o espaço urbano, ele é o único brasileiro a ter vencido, em 1994, o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia. 


Por ser um dos principais intelectuais da época no país, foi perseguido pela ditadura militar. No mês seguinte à instauração do regime, foi preso, e ficou detido por seis meses. Após o período, recebeu permissão para sair do Brasil, de onde ficou distante até 1977. Morou em países como França, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Peru, Colômbia, Venezuela e Tanzânia. 


Sobre o período do exílio, Milton falou em uma entrevista concedida aos pesquisadores Odette Seabra, Mônica de Carvalho e José Corrêa Leite e editada em um livro da Fundação Perseu Abramo, chamado Território e Sociedade.


“Eu não era cidadão e me refugiava na filosofia, na medida em que o Brasil se distanciava e que eu não sabia mais nada sobre lá. Só a filosofia me prendia”, disse, à época.


“As cartas escasseavam, o contato telefônico não era fácil como hoje. Eu lia muito em inglês, coisa que os franceses não faziam. Passei também a estudar física, o que me ajudou a continuar vivendo, a encontrar um caminho, que não era um caminho do cidadão. A história vai se refazendo com a história geral e pessoal. Eu tinha perdido a minha”.


O pesquisador é um dos principais nomes já forjados pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). E, por isto, a pressão para a mudança do nome da via, uma vez que o principal campus da instituição de ensino é localizado justamente na avenida, cujo nome foi batizado em sua homenagem.


Embora seja formado em Direito pela faculdade, foi realmente na Geografia que ele se destacou. Foi professor da própria instituição baiana, além de ter lecionado nas universidades de São Paulo (USP), de Paris 1 Panthéon-Sorbonne, de Columbia, de Toronto e de Dar es Salaam.


Ele morreu em 2001, aos 75 anos, após apresentar um quadro de insuficiência respiratória aguda. 


Adhemar de Barros, por sua vez, não possui relações históricas próximas com a Bahia. Ele foi um médico e político brasileiro, além de amigo pessoal de Getúlio Vargas. Durante o Estado Novo, foi nomeado pelo ex-presidente a interventor pelo estado de São Paulo.


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