Exportações do agronegócio baiano: para onde vai a produção do estado?

Exportações do agronegócio baiano se consolida como líder no Nordeste e ocupa 9ª posição no ranking nacional de exportações; saiba para onde vai produção do estado

Por João Tramm.

A Bahia ocupa uma posição estratégica no agronegócio nacional, o setor é peça-chave na economia estadual, representando uma fatia significativa do PIB e das exportações. Segundo dados do Sistema Agrostat do Ministério da Agricultura e Pecuária, no ranking nacional de exportações do agronegócio, a Bahia aparece em 9º lugar, responsável por 4,08% do total exportado pelo Brasil em 2024.

O valor movimentado foi de US$ 6,71 bilhões, ficando atrás de estados como São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais. No acumulado do primeiro trimestre de 2025, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram US$ 37,8 bilhões, o maior valor já registrado para o período. A Bahia teve destaque: sozinha exportou US$ 1,5 bilhão, superando o volume total dos demais estados nordestinos, que juntos somaram US$ 1,44 bilhão. Esse resultado reforça a liderança baiana no setor agropecuário do Nordeste.

O desempenho do agronegócio tem sido estável nos últimos anos, segundo dados da Federação de Agricultura e Pesca da Bahia. 

O crescimento acumulado de cerca de 66% entre 2020 e 2024 mostra a consolidação da Bahia no comércio exterior, apesar de oscilações conjunturais. Em 2024, a soja representou 61% da produção de grãos e foi determinante para o saldo positivo da balança comercial do estado.

Principais produtos exportados pela Bahia

Os produtos mais relevantes do agronegócio baiano em 2024 foram:

  • Soja em grãos – US$ 2,43 bilhões (36,3%)

  • Celulose – US$ 1,49 bilhão (22,2%)

  • Algodão e derivados têxteis – US$ 882 milhões (13,1%)

  • Farelo de soja – US$ 532 milhões (7,9%)

  • Produtos do cacau – US$ 433 milhões (6,5%)

  • Café verde e torrado – US$ 294 milhões (4,4%)

  • Mangas – US$ 156 milhões (2,3%)

A soja se consolidou como o principal item da pauta exportadora, ultrapassando o óleo combustível. Estimativas apontam uma colheita de 8,61 milhões de toneladas em 2025, crescimento de 14,3% em relação ao ano anterior. A área plantada alcança 2,14 milhões de hectares, com rendimento médio de 4,01 toneladas/hectare – 8,3% acima da safra anterior.

As exportações baianas registraram crescimento de 9,15% entre janeiro e março de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. O montante subiu de US$ 1,37 bilhão para US$ 1,5 bilhão, com embarques destinados a mais de 100 países.

O destaque foi o cacau e seus derivados, que tiveram aumento expressivo de 174,43% no período. O desempenho reforça o potencial do estado em produtos tradicionais, ao mesmo tempo em que diversifica sua pauta de exportações.

Principais destinos das exportações

A China segue como principal destino do agronegócio baiano, absorvendo 45,88% do total exportado em 2024. Segundo levantamento do Agrostat/Mapa, realizado em 2024, os demais parceiros estratégicos foram:

  • Estados Unidos – 6,34%

  • Países Baixos – 4,83%

  • Alemanha – 4,39%

  • Espanha – 4,21%

Embora a Bahia exporte para mais de 100 países, a concentração em poucos grandes parceiros — especialmente a China — evidencia tanto o potencial quanto a dependência do setor.

Papel dos portos e desafios logísticos

A infraestrutura portuária é fundamental para o escoamento da produção baiana. Dentro da Baía de Todos-os-Santos, a segunda maior do mundo, estão três portos estratégicos:

  • Porto de Salvador – foco em contêineres, bateu recorde em 2024 com 6,6 milhões de toneladas movimentadas (41% a mais que em 2023). Parte desse aumento veio do agronegócio, como algodão e importação de fertilizantes.

  • Aratu-Candeias – especializado em cargas graneleiras e líquidas, manteve movimentação de cerca de 6,5 milhões de toneladas em 2024.

  • Ilhéus – com destaque para minério, cacau e grãos.

Apesar da força dos portos, a logística rodoviária ainda é um gargalo. Segundo a CNT, apenas 26,5% das rodovias da Bahia estão em boas ou ótimas condições. Esse cenário eleva em média 32,5% os custos operacionais do transporte rodoviário, prejudicando a competitividade.

A FAEB ainda destaca que a Bahia possui uma infraestrutura logística deficitária, fato que prejudica a competitividade de todos os setores econômicos do Estado. Nossas cargas são quase que integralmente dependentes do transporte rodoviário e de acordo com a pesquisa CNT de Rodovias 2024, a Bahia possui apenas 26,5% em boas ou ótimas condições, situação que eleva o custo operacional dos transportes seja de cargas ou de passageiros. Segundo a pesquisa, em função da qualidade do pavimento das estradas, o aumento médio no custo operacional do transporte rodoviário no Brasil é de 32,5%.

A Federação indica que infraestrutura é um dos setores mais desafiador para área. Destacando que a concentração em modais não é produtivo para o estado, portanto entendo como necessário investir tanto nas adequações das nossas rodovias, mas também como uma política de diversificação dos modais de transporte, priorizando as ferrovias (exemplo da FIOL e FCA), os acessos aos portos e às propriedades rurais.

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