Verão 2025

Do Axé ao Pagodão: celebração dos 40 anos do Axé Music marca encontro de gêneros e mira futuro

Aratu On destaca as apostas de artistas do Axé Music, como Ivete Sangalo, no ritmo do pagodão baiano

Fonte: Murilo Motta

Do Axé ao Pagodão: celebração dos 40 anos do Axé Music marca encontro de gêneros e mira futuro Foto: Celia Santos | Rafa Mattei | Sandro Honorato

Em 2025, o Brasil celebra os 40 anos de um dos movimentos musicais mais emblemáticos da cultura nacional: o Axé Music. Nascido em Salvador, no início da década de 1980, o gênero se consolidou como uma fusão única de ritmos, criando uma sonoridade contagiante que rapidamente conquistou todo o país. 


Foi em 1985 que o Axé ganhou notoriedade nacional, quando "Fricote", de Luiz Caldas e Paulinho Camafeu, popularizou o afro-pop-baiano nas paradas de sucesso. Esse marco inaugurou um movimento que projetaria nomes como Margareth Menezes, Sarajane e Gerônimo Santana, figuras essenciais para o crescimento do Axé.



Luiz Caldas foi um dos principais percussores do Axé Music, com a canção 'Fricote'. Foto: Divulgação


Com o passar das décadas, o gênero se expandiu, solidificando-se como um fenômeno de massa, com artistas como Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Saulo Fernandes, alcançando grande destaque.


No entanto, ao chegarmos em 2025, surge uma pergunta provocativa: o que esses três ícones do Axé têm em comum? A resposta, embora simples, é surpreendente: todos estão apostando suas fichas no pagodão baiano. Sim, um gênero que, até recentemente, parecia estar à sombra do Axé Music, mas que, nas últimas décadas, tem conquistado cada vez mais espaço nas festas e nos corações do público brasileiro.


Em seu mais recente projeto, "Quem Me Ensinou", Saulo Fernandes funde o Axé com o pagodão baiano, resgatando o ritmo autêntico da Bahia e adaptando músicas de seu próprio repertório para essa nova vertente. O álbum conta com participações de nomes como EdCity, Aila Menezes, Nenel, Bambam e Alex Xella e culminará com o evento "Pagodão na Concha", no dia 31 de janeiro, em Salvador. 


Ivete Sangalo, sempre atenta às mudanças no mercado musical, lançou o EP "O Verão Bateu em Minha Porta", apostando em "Energia de Gostosa" um Pagodão Baiano, pela quarta vez consecutiva. O projeto, gravado no Farol da Barra, em Salvador, promete ser um dos maiores sucessos do verão. 






Já Daniela Mercury, a eterna rainha do Axé, apresenta "Meu Corpo Treme", uma música de pagodão com a participação de Rachel Reis. A canção promete agitar o Carnaval de Salvador, misturando samba e o batuque do pagodão, mantendo a tradição do gênero, mas também incorporando frescor e inovação – elementos que são a assinatura de sua carreira.


Esses lançamentos, que marcam um ponto crucial na história do Axé, nos levam a refletir: o que aconteceu com o gênero que dominava as festas e os carnavais? Será que o Axé Music, com sua forte identidade ligada às raízes da Bahia, está cedendo espaço para o pagode baiano?


O pagodão, cada vez mais presente, especialmente no Carnaval, tem mostrado sua força, conquistando fãs em todo o Brasil. Com influências de samba, reggae, frevo e até pop, o pagodão é um ritmo nascido nas comunidades de Salvador e celebra a energia da capital, sendo uma música de rua e festa. Com artistas como Léo Santana, XANDDY HARMONIA e Tony Salles ganhando cada vez mais visibilidade, o gênero se firmou como uma das maiores expressões da cultura baiana.


Mas o que isso realmente significa para o futuro do Axé? À medida que o Carnaval de 2025 se aproxima, a união entre o Axé e o pagodão começa a despontar como uma das grandes tendências nas festas de Salvador. Contudo, surge a questão: o que está sendo celebrado nesse processo de fusão? 


Essa dúvida ecoa porque a situação é análoga ao que aconteceu com o sertanejo: existe o sertanejo clássico, com suas raízes profundas no campo, e o sertanejo universitário, uma versão mais moderna e urbanizada do gênero, que ganhou enorme popularidade nas últimas décadas.


O que começou como uma revolução dentro do sertanejo, com um novo público e uma nova forma de consumir música, gerou uma transição que não apagou a história do sertanejo original, mas a transformou, criando uma nova face para o gênero. No caso da música baiana, será que o pagodão, com sua força popular, está promovendo uma revolução semelhante no Axé, ou será que o Axé, com toda a sua força histórica, continuará a manter seu espaço dominante?


Com suas raízes firmemente plantadas no chão da Bahia, a música baiana continua a pulsar com força, energia e ritmo, mas o futuro, em meio à experimentação e adaptação dos gêneros, ainda está incerto.


Leia Mais: Daniela Mercury celebra realização do Pôr do Som e alfineta prefeitura: 'Estava proibido, mas conseguimos!'


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