Influenciadores de clipe evangélico que fala em "Exu Caveira" se defendem e acusam pastor de esconder teor da música
Na quinta-feira (14/7), o pai de Santo, de prenome William, foi à 1ª Delegacia Territorial (DT/Barris), em Salvador, para prestar um Boletim de Ocorrência para que a Polícia Civil apure a intolerância religiosa.
Dois influenciadores que participaram do clipe produzido por um pastor evangélico e acusado de intolerância religiosa disseram que não sabiam da letra musical que seria colocada na produção. Dhonys Santos e "Ene Índia" - que se declara adepta de religião de matriz africana - falaram no programa da TV Aratu, Cidade Aratu.
"Fomos chamados para fazer uma gravação. Não tomamos conhecimento de qual música seria colocada. Ontem, por volta de 14h, eu soube por sites de fofoca. O pessoal estava mandando para mim, dizendo que eu estava compactuando. Sou da matriz africana e minha família é. Sempre respeitei todas as religiões", ressaltou Ene.
A música tem o seguinte trecho: "[...] Não tem 'Exu Maré' e nem 'Exu Caveira', meu Deus manda em São Tomé e na Engomadeira. Atrás da Cruz, atrás da Cruz, eu profetizo que a Bahia é de Jesus. Fizeram uma 'macumba' grande lá em Cachoeira, mas meu deus deu livramento lá em Cajazeiras [...]".
"Ele mexeu comigo, pois eu estava na gravação. Citou o nome dos meus exus, que estavam ali. Isso me dói bastante", completou "Ene Índia", que também repudiou a atitude do pastor por meio das redes sociais.
Ao lado dela, o também influenciador Donys sustentou que soube do conteúdo quando o vídeo já estava no TikTok do pastor. O rapaz disse ainda ter entrado em contato com o religioso para reclamar.
"Não teria topado. Não tivemos conhecimento. Se eu soubesse, não iria participar. Só soubemos depois da repercussão. Entrei em contato com o pastor, informando que ali tinha intolerância. Antes, ele pediu um apoio para o clipe, dizendo que iria fazer um clipe apenas para mostrar o que acontece na comunidade", resumiu.
Na quinta-feira (14/7), o pai de Santo, de prenome William, foi à 1ª Delegacia Territorial (DT/Barris), em Salvador, para prestar um Boletim de Ocorrência para que a Polícia Civil apure a intolerância religiosa.
"A gente do candomblé vem sendo atacado. O clipe traz uma imagem que associa nossos orixás como criminosos. Isso é intolerância criminosa. Precisamos que alguém olhe pela gente [...] Isso dói a nossa alma. A gente tem que clamar por Justiça. Sou babalorixá e vídeo mostra tiros e armas. O que é isso?", frisou.
O Ministério Público da Bahia também entrou no caso e vai apurar o clipe produzido pelo pastor.
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