Atlas da Violência: a cada duas horas, cinco jovens foram assassinados
A taxa de homicídios entre jovens foi de 45,1 por 100 mil habitantes — mais que o dobro da taxa nacional
Por Bruna Castelo Branco.
O Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12), revela que 21,8 mil jovens entre 15 e 29 anos foram vítimas de homicídio em 2023 no Brasil. O número representa 47,8% dos 45,7 mil homicídios registrados no país no ano passado — uma média de 60 mortes de jovens por dia, ou cinco a cada duas horas.
A publicação, elaborada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra que a violência letal é a principal causa de morte nessa faixa etária. De cada 100 jovens que morreram em 2023, 34 foram assassinados. Homens representam 93,5% das vítimas.
A taxa de homicídios entre jovens foi de 45,1 por 100 mil habitantes — mais que o dobro da taxa nacional, de 21,2. Apesar da alta incidência, o indicador vem apresentando queda desde 2020, quando era de 54,8.
“A criminalidade violenta produz diversas externalidades negativas, entre as quais se destacam o menor crescimento econômico, a redução no desenvolvimento educacional de crianças e adolescentes e a diminuição da participação no mercado de trabalho”, aponta o estudo coordenado pelo pesquisador Daniel Cerqueira (Ipea) e por Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP.
Homicídios de mulheres
O estudo também mostra que 3.903 mulheres foram assassinadas em 2023, o que corresponde a uma taxa de 3,5 por 100 mil habitantes. O índice permanece estável desde 2019. A análise por estado revela que Roraima teve a maior taxa de homicídios de mulheres (10,4), três vezes superior à média nacional. Em seguida aparecem Amazonas, Bahia e Rondônia, todos com índice de 5,9. As menores taxas foram registradas em São Paulo (1,6), Minas Gerais (2,6), Distrito Federal (2,7) e Santa Catarina (2,8).
“É possível observar que a redução foi mais expressiva na população em geral do que entre as mulheres”, destaca o Atlas.
Violência contra população LGBTQIAPN+
O relatório também aponta aumento na violência contra a população LGBTQIAPN+, com base em dados de internações hospitalares por agressões. Em 2023, foram registradas 19,6 mil agressões contra homossexuais e bissexuais, alta de 35% em relação a 2022 (14,5 mil). No caso de travestis e pessoas trans, o crescimento foi de 43%: de 3,8 mil para 5,5 mil ocorrências.
Os responsáveis pelo estudo destacam, no entanto, que os dados não trazem informações sobre a motivação das agressões e, por isso, não é possível afirmar se os casos tiveram caráter LGBTfóbico.
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