Equipe da TV Aratu é ameaçada e agredida em gravação: 'Vai levar bala'

Repórter Lícia Fontenele e cinegrafista David Melo, da TV Aratu, prestaram queixa em delegacia

Por Juana Castro.

A jornalista Lícia Fontenele e o cinegrafista David Melo, da TV Aratu, foram vítimas de agressão verbal e física durante a realização de uma reportagem em Salvador, na última segunda-feira (28). O caso foi tornado público pela repórter na quarta-feira (30), por meio de publicação em suas redes sociais.

Lícia Fontenele, repórter da TV Aratu, fez relato nas redes sociais

Segundo relato da jornalista, a agressão ocorreu enquanto a equipe tentava gravar uma entrevista na Unidade de Saúde da Família Aristides Pereira Maltez, no bairro de São Cristóvão, sobre a morte de um recém-nascido. Antes de ir ao local, Lícia informou que havia feito contato telefônico com familiares da criança, sendo atendida por um homem identificado como pai do bebê.

Durante a ligação, ela explicou o motivo do contato e manifestou interesse em ouvir a versão da família. No entanto, segundo o boletim de ocorrência registrado na 12ª Delegacia Territorial (DT/Itapuã), o homem respondeu de forma agressiva, afirmando que “já havia visto a repórter passando em frente ao posto” e que “ninguém daria entrevista”. Em seguida, passou a proferir xingamentos e ameaças, incluindo frases como “enfia essa reportagem no rabo” e “se não sair daí vai levar bala”.

Ao deixar o local e retornar ao carro da emissora, a jornalista relatou que o homem se aproximou do veículo, fez menção de estar armado, e iniciou uma série de agressões verbais e físicas. Ele teria chutado a porta do automóvel e o retrovisor, continuando a ameaçar a equipe mesmo diante de transeuntes e em um espaço público.

A equipe prestou queixa com apoio do departamento jurídico da TV Aratu. Lícia destacou que, além das ameaças, o episódio evidencia o crescente cenário de hostilidade enfrentado por profissionais da imprensa. “Foi uma violência que teve relação com o fato de eu ser mulher e jornalista”, afirmou em sua publicação.

A emissora declarou apoio aos seus profissionais e reforçou a importância da apuração rigorosa do caso pelas autoridades competentes. A investigação está em andamento.

Confira a íntegra do relato da jornalista:

"Isso aqui é sobre não NORMALIZAR a VIOLÊNCIA.

Precisei de força e coragem para vir aqui e tornar pública a violência sofrida por mim. Faço isso, mesmo ainda abalada emocionalmente para pedir mais respeito pelas mulheres, profissionais de imprensa de uma forma geral, e, acima de tudo, para incentivar também outras pessoas que estão sofrendo com qualquer situação de violência a fazerem o mesmo. DENUNCIAR!

Na última segunda-feira fui vítima de agressão! Tudo ocorreu durante uma tentativa de gravar uma reportagem, o agressor me atacou com ofensas, xingamentos, fez terror psicológico e diversas ameaças, incluindo de morte. Esse homem conseguiu me alcançar no carro da emissora, onde também estava o meu colega de profissão David Melo dando continuidade as ofensas. Teve chutes no veículo, nos retrovisores e menção como se realmente fosse cumprir a ameaça de morte.

E tudo isso porque??? Primeiro, vem o fato de ser MULHER. Ficou claro, pela forma que tentou me humilhar e me intimidar com ofensas e xingamentos. Segundo, vem o fato de ser jornalista. Infelizmente, nós, profissionais da imprensa, cada vez mais estamos virando alvo. Muitos acham que somos saco de pancada. Se não quero a presença da imprensa, tenho o direito de bater, empurrar e xingar??? Isso precisa parar!

Tomei as atitudes cabíveis e espero investigação para que o caso não se repita com nenhuma outra jornalista. A violência extrapola qualquer limite e não é algo normal. Eu não me calei diante da violência e falo o mesmo para você. Denuncie! Busque ajuda!"

A TV Aratu reafirmou seu compromisso com a segurança dos seus profissionais e destacou que está prestando todo o suporte jurídico e psicológico à equipe envolvida. 

+ Cinegrafista da TV Aratu é agredido por militar preso em operação da PC

Siga a gente no InstaFacebookBluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).

Comentários

Importante: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Aratu On.

Nós utilizamos cookies para aprimorar e personalizar a sua experiência em nosso site. Ao continuar navegando, você concorda em contribuir para os dados estatísticos de melhoria. Conheça nossa Política de Privacidade e consulte nossa Política de Cookies.