Se voc&ecirc; reclama da falta de sono, saiba que isso s&oacute; tende a piorar no futuro. Um estudo publicado em abril desse ano na revista One Earth concluiu que, devido ao aquecimento global, a popula&ccedil;&atilde;o mundial corre um risco de perder entre 50 e 58 horas de sono por ano at&eacute; 2099.

O trabalho contou com a participa&ccedil;&atilde;o de 47.628 adultos em 68 pa&iacute;ses, que foram avaliados por uma m&eacute;dia de seis meses. Para chegar a esses resultados, os pesquisadores usaram pulseiras com aceler&ocirc;metros internos que mediram a dura&ccedil;&atilde;o do sono dos participantes. As informa&ccedil;&otilde;es s&atilde;o do UOL.

O estudo apontou que a probabilidade de dormir menos de sete horas aumenta em 3,5% se as temperaturas m&iacute;nimas noturnas forem maiores 25&ordm;C, em compara&ccedil;&atilde;o com a temperatura inicial de 5&ordm;C a 10&ordm;C. &quot;Fornecendo escala para essa rela&ccedil;&atilde;o estimada, a exposi&ccedil;&atilde;o a temperaturas noturnas superiores a 25&deg;C, se extrapolada para uma popula&ccedil;&atilde;o equivalente de 100 mil adultos em uma &uacute;nica noite, resultaria em 4.600 indiv&iacute;duos adicionais obtendo uma noite de sono menor que 7 horas, em compara&ccedil;&atilde;o com a temperatura m&iacute;nima ideal noturna&quot;, escreveram os autores do estudo.

De acordo com os dados, noites muito quentes, acima de 30&ordm;C, reduzem o tempo de sono em cerca de 25 minutos por pessoa. Para idosos, a situa&ccedil;&atilde;o &eacute; ainda mais dif&iacute;cil: os resultados mostraram que esta popula&ccedil;&atilde;o perdeu o dobro da quantidade de sono por grau de aquecimento em compara&ccedil;&atilde;o com adultos jovens ou de meia-idade.

A perda de sono de 3,5% de tempo pode, inicialmente, parecer um n&uacute;mero singelo, mas isso pode aumentar. &quot;Quando os adultos n&atilde;o t&ecirc;m a quantidade recomendada de sono, eles podem ter problemas de concentra&ccedil;&atilde;o&quot;, disse Alex Agostini, professora da Universidade da Austr&aacute;lia do Sul, que n&atilde;o participou do estudo. Segundo a especialista, os efeitos a longo prazo podem incluir problemas de sa&uacute;de como doen&ccedil;as cardiovasculares e gastrointestinais.

Al&eacute;m disso, a perda de sono foi tr&ecirc;s vezes maior para idosos em &aacute;reas de baixa renda em compara&ccedil;&atilde;o com &aacute;reas de alta renda. As mulheres tamb&eacute;m foram cerca de 25% mais afetadas pelo aumento das temperaturas do que os homens.

BAHIA

Diante desse cen&aacute;rio, em que as temperaturas continuam a subir devido ao aquecimento global, Kelton Minor, doutorando no Centro de Ci&ecirc;ncia de Dados Sociais da Universidade de Copenhague e principal autor deste estudo, projetou que a perda de sono aumentar&aacute; para um ritmo mais r&aacute;pido em regi&otilde;es que j&aacute; enfrentam climas quentes - como &eacute; o caso de Salvador. O estudo chamou aten&ccedil;&atilde;o para outro dado importante: as pessoas n&atilde;o se adaptam ao calor excessivo, mesmo que estejam, teoricamente, acostumadas &agrave; exposi&ccedil;&atilde;o.

Nesse sentido, os pesquisadores mostraram que a quantidade de sono que elas tiveram no primeiro m&ecirc;s do ver&atilde;o, quando estavam menos familiarizadas com o clima, e no &uacute;ltimo m&ecirc;s do ver&atilde;o quando, teoricamente, estavam mais acostumadas com ele, praticamente n&atilde;o teve diferen&ccedil;a. Essa semelhan&ccedil;a na perda de sono indica que as pessoas n&atilde;o podem se adaptar a temperaturas mais altas nem mesmo ao longo do tempo. Al&eacute;m disso, os resultados mostraram que as pessoas n&atilde;o pareciam recuperar o sono perdido durante uma noite quente nas duas semanas ap&oacute;s um pico de temperatura.

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