Desde julho, a ent&atilde;o Rua das Laranjeiras, no Pelourinho, em Salvador, passou a se chamar &#39;Rua Ala&iacute;de do Feij&atilde;o&#39;, em&nbsp;homenagem &agrave; cozinheira especialista na culin&aacute;ria afro-baiana - reconhecida internacionalmente - que morreu em janeiro deste ano. Por&eacute;m, nessa quarta-feira (30/11), o&nbsp;Minist&eacute;rio P&uacute;blico estadual (MP-BA)&nbsp;promoveu uma audi&ecirc;ncia p&uacute;blica para discutir a&nbsp;mudan&ccedil;a.

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Segundo o &oacute;rg&atilde;o, o objetivo &eacute; &quot;discutir o processo de altera&ccedil;&atilde;o do nome da rua tombada pelo Instituto do Patrim&ocirc;nio e Art&iacute;stico Cultural (Iphan), que foi viabilizado por meio da publica&ccedil;&atilde;o da lei aprovada e sancionada em julho deste ano, sem di&aacute;logo com a comunidade&quot;.

&quot;A&nbsp;audi&ecirc;ncia servir&aacute; ainda para que os pr&oacute;prios vereadores entendam a import&acirc;ncia de se discutir com a sociedade e a fam&iacute;lia da senhora Ala&iacute;de, que representa a rica cultura dos quitutes de Salvador&quot;, destacou a promotora de Justi&ccedil;a Eduvirges Ribeiro, coordenadora do N&uacute;cleo de Defesa do Patrim&ocirc;nio Hist&oacute;rico, Art&iacute;stico e Cultural (Nudephac).

Ela acrescentou que a audi&ecirc;ncia teve a finalidade de &quot;garantir a participa&ccedil;&atilde;o popular&quot; no processo de denomina&ccedil;&atilde;o, renomea&ccedil;&atilde;o de espa&ccedil;os e bens p&uacute;blicos, que se desenvolve de forma din&acirc;mica e associada a quest&otilde;es hist&oacute;ricas e culturais.&nbsp;

Para Patrick Nunes, t&eacute;cnico do Iphan, &eacute; importante que seja garantido franco acesso da sociedade &agrave; mudan&ccedil;a de nomes de bens p&uacute;blicos. &quot;Trata-se de uma rua de extrema import&acirc;ncia reconhecida como patrim&ocirc;nio da humanidade pela Unesco. Por isso recomendamos a realiza&ccedil;&atilde;o de audi&ecirc;ncia p&uacute;blica para garantir a efetiva participa&ccedil;&atilde;o popular&quot;, destacou.

O procedimento instaurado pelo MP partiu da uma representa&ccedil;&atilde;o feita pela Associa&ccedil;&atilde;o de Assist&ecirc;ncia e Apoio aos Moradores do Centro e Adjac&ecirc;ncias &ndash; Nazar&eacute; II (AAAMCA), que se posicionou contra a mudan&ccedil;a do nome da antiga Rua das Laranjeiras. Segundo o representante da associa&ccedil;&atilde;o, Ernest Christian Bowes, o projeto 40/2022 -&nbsp;que alterou o nome da rua&nbsp;- n&atilde;o ouviu a sociedade, &ldquo;desconsiderando a voz dos moradores&quot;. &quot;Para mim a Rua das Laranjeiras tem que continuar.&nbsp;Ala&iacute;de merece muito ser homenageada, mas poder&iacute;amos buscar outra forma, com uma placa ou um busto em mem&oacute;ria a hist&oacute;ria dela&rdquo;, afirmou.&nbsp; 
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A audi&ecirc;ncia foi presidida pela promotora de Justi&ccedil;a Eduvirges Ribeiro&nbsp;e contou com a presen&ccedil;a dos advogados Jo&atilde;o Jorge Santos Rodrigues e Henrique Arruda, representando os familiares de Ala&iacute;de do Feij&atilde;o; Silvio Portugal, presidente do Conselho Estadual de Cultura; al&eacute;m de familiares de Ala&iacute;de do Feij&atilde;o e integrantes do movimento negro. Na ocasi&atilde;o, houve ainda uma apresenta&ccedil;&atilde;o acerca da hist&oacute;rica da Rua das Laranjeiras, feita pelos historiadores do Nudephac Miguel Soares e Milena Pinilo. A Rua das Laranjeiras, que leva essa denomina&ccedil;&atilde;o desde 1760, est&aacute; localizada em &aacute;rea tombada pelo Iphan, em regi&atilde;o de interesse p&uacute;blico e protegida por par&acirc;metros legais estabelecidos no Decreto Lei n&ordm; 25/1937.

&quot;O nome de Ala&iacute;de do Feij&atilde;o &eacute; um patrim&ocirc;nio imaterial. Agora temos o nome de uma mulher no centro hist&oacute;rico que vai trazer legitimidade hist&oacute;rica, uma mulher lutadora e combatente&rdquo;, ressaltou o advogado Jo&atilde;o Jorge Rodrigues.

SOBRE ALA&Iacute;DE

Ala&iacute;de Concei&ccedil;&atilde;o, mais conhecida como Ala&iacute;de do Feij&atilde;o, nasceu no bairro do Com&eacute;rcio, em Salvador. Filha de Maria das Neves, herdou da m&atilde;e os talentos culin&aacute;rios e seguindo os seus passos, manteve viva a tradi&ccedil;&atilde;o da matriarca, com a venda dos quitutes e pratos diferenciados. Em 1993, abriu seu primeiro restaurante no Centro Hist&oacute;rico, ampliando assim a variedade de refei&ccedil;&otilde;es em seu card&aacute;pio. Em 2015, mudou-se da Ladeira da Ordem Terceira de S&atilde;o Francisco, para a Rua das Laranjeiras, no Pelourinho. Era tamb&eacute;m uma importante l&iacute;der do movimento cultural negro e antirracista. Morreu aos 72 anos, no in&iacute;cio deste ano, em raz&atilde;o de complica&ccedil;&otilde;es da Covid-19.

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