Vice-prefeita de Ribeira é denunciada por desvio de verba para ritual amoroso
A vice-prefeita de Ribeira é investigada por desviar recursos públicos para contratar uma mãe de santo para fazer um ritual amoroso
Por Bruna Castelo Branco.
Juliana Maria Teixeira da Costa, vice-prefeita de Ribeira, em São Paulo, e secretária municipal de Saúde desde 2020, foi denunciada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por associação criminosa e peculato. Segundo a promotoria, a gestora teria desviado R$ 41,2 mil de recursos públicos para contratar uma mãe de santo com o objetivo de realizar um ritual de "amarração amorosa" envolvendo o coordenador de Saúde do município, Lauro Olegário da Silva Filho.
Também foram denunciados Lauro, que é técnico de enfermagem e coordenador municipal de Saúde, e William Felipe da Silva, proprietário da empresa W.F. Da Silva Treinamentos, contratada pela prefeitura para prestação de serviços. A empresa teria sido usada como intermediária para efetuar o pagamento.
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Segundo informações do g1, o promotor Renan Mendes Rodríguez ofereceu a denúncia no último dia 30 de julho. Na ocasião, o MP-SP solicitou à Justiça medidas cautelares, como o afastamento imediato de Juliana dos cargos de vice-prefeita e secretária de Saúde, e de Lauro dos cargos que ocupa. Também foi pedida a proibição de ambos de acessar prédios públicos, manter contato com testemunhas e servidores, mudar de endereço sem autorização judicial ou se ausentar da comarca por mais de sete dias.
De acordo com a denúncia, Juliana e Lauro participaram da prorrogação de contratos resultantes de licitações supostamente fraudulentas, favorecendo diretamente a empresa de William. Após assumir a Secretaria de Saúde, Juliana autorizou pagamentos a Lauro por meio de dispensas de licitação, o que, segundo o MP-SP, reforça o indício de irregularidades.
Conforme o Ministério Público, o pagamento de R$ 41,2 mil foi feito com recursos do Fundo Municipal de Saúde, usando nota fiscal supostamente falsa que simulava a prestação de serviços médicos em período sem atividades da Estratégia da Família. A transação foi registrada apenas 12 minutos após a emissão da nota, e o valor foi repassado a um terceiro sem relação com a saúde pública.
A promotoria apura ainda o possível repasse do mesmo valor à "Mentora Samantha", que teria sido contratada por Juliana para realizar um "casamento espiritual" com Lauro, a fim de afastá-lo da esposa. Prints nas redes sociais e a denúncia de um vereador reforçam a suspeita. A mulher confirmou à promotoria que prestou o serviço espiritual a pedido da vice-prefeita.
“O dinheiro do Fundo Municipal de Saúde deve ser destinado exclusivamente à saúde pública”, afirmou o MP-SP, ao destacar que o uso dos recursos para fins pessoais configura crime de peculato.
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Além do peculato, Juliana e William foram denunciados por associação criminosa, fraude à licitação, uso de documento falso e falsidade ideológica. Lauro responde por associação criminosa, fraude à licitação e concurso material. O MP-SP pediu ainda a reparação de danos no valor mínimo de R$ 41,2 mil, conforme o artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal.
A Justiça de Apiaí acatou parte do pedido do MP-SP e suspendeu os contratos da prefeitura com a empresa W.F. Da Silva Treinamentos Ltda. Também proibiu a celebração de novos contratos entre as partes, até decisão judicial em sentido contrário.
O advogado de William, Yuri Amaral Nazareth, afirmou que o cliente compareceu à promotoria e está comprometido com o esclarecimento dos fatos. “Quanto às alegações de desvio de recursos, é crucial enfatizar que William está comprometido em esclarecer essa situação completamente. A ausência de documentação mencionada pode ser atribuída a dificuldades circunstanciais, mas não necessariamente a intenções maliciosas”, declarou. Ele também afirmou que os vínculos com Juliana e Lauro eram profissionais e comuns ao funcionamento de qualquer organização.
Segundo a assessoria de Juliana, “de forma irresponsável e criminosa, a senhora Samantha tem propagado inverdades com a intenção clara de extorquir financeiramente a vice-prefeita Juliana Teixeira. Em um ato ainda mais grave, a advogada Valquíria se aproveitou da situação para dar visibilidade a essas mesmas mentiras, contribuindo para a tentativa de linchamento público da honra e integridade de Juliana”.
Perfil da vice-prefeita
Juliana Teixeira tem 42 anos, é divorciada, mãe de dois filhos e formada em Assistência Social. Nascida em 3 de fevereiro de 1983, em Jaguariaíva, Paraná, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2024, um patrimônio de R$ 45.402,87.
Apesar de paranaense, tem raízes familiares no Vale do Ribeira. Nas redes sociais, afirma que entrou na política inspirada pelo pai, ex-secretário de Saúde e vice-prefeito de Itapirapuã Paulista.
Filiada ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi eleita em 2020 como a primeira mulher vice-prefeita de Ribeira, na chapa encabeçada por Ari do Carmo Santos (PSD), reeleito com 45% dos votos válidos. Durante o primeiro mandato, Juliana acumulou as funções de secretária de Saúde e chefe de Gabinete.
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