Tiago Correia cita Wagner Moura e cobra ações para problemas da Bahia
Deputado Tiago Correia responde críticas de Wagner Moura à política cultural da Bahia e destaca a necessidade de debater outros problemas na Bahia
Por Juana Castro.
O deputado baiano Tiago Correia (PSDB) comentou nesta quarta-feira (24) as críticas feitas pelo ator baiano Wagner Moura à política cultural do estado. Moura, durante divulgação do espetáculo "O Julgamento - Depois do Inimigo do Povo", apontou falhas na gestão cultural da Bahia, destacando a falta de incentivo ao teatro profissional.
Em resposta, Tiago Correia afirmou: Depois que o governador Jerônimo afirmou aceitar as críticas de Wagner Moura, acredito que, para termos uma melhor resolução dos problemas, é importante cobrar do ator que ele também aborde diversos outros problemas do estado da Bahia, como violência, números analfabetos, número de desempregados, número de crianças em situação de pobreza, etc. Só assim poderemos avançar na solução das dificuldades que o estado enfrenta.
Críticas de Wagner Moura à gestão cultural
Wagner Moura destacou que a atual gestão estadual, liderada pelo secretário Bruno Monteiro, não teria cumprido seu papel na valorização do teatro profissional, deixando artistas locais em dificuldades. O teatro, em qualquer lugar, depende de incentivos públicos. E eu acho que isso não está acontecendo, e lamento que não esteja acontecendo nos últimos governos do PT na Bahia
, disse o ator.
Moura comparou a situação atual com os anos 1990, período em que, segundo ele, o setor teve maior apoio. Esse período de alta aconteceu durante o governo de ACM [Antônio Carlos Magalhães]. E me dá uma angústia muito grande dizer isso, mas é verdade. [...] Governos de esquerda deveriam, por natureza, incentivar muito mais
, afirmou.
Wagner Moura sobre estreia da peça em Salvador: 'Meu axé é aqui'
"O meu axé é aqui". Foi com essa frase que o ator e diretor Wagner Moura justificou a escolha de Salvador para a estreia mundial de seu novo espetáculo, "Um Julgamento - Depois do Inimigo do Povo". A peça, que fica em cartaz de 3 a 12 de outubro no Trapiche Barnabé, no bairro do Comércio, foi apresentada na segunda-feira (22) durante coletiva de imprensa no local.
O retorno de Wagner aos palcos marca o fim de 16 anos longe do teatro, período em que atuou em filmes internacionais, como Guerra Civil e Narcos, entre outros títulos. Sobre a decisão de começar a temporada em Salvador, ele conta:
"Eu sou feliz aqui em Salvador de um jeito diferente. Quando você sente que tá chegando em casa". O ator ainda brinca: "O meu axé é aqui. Se eu sou especial de alguma forma é porque eu sou daqui. Isso é o que me faz interessante, eu acho".
Na coletiva, Wagner lembrou que a última vez que fez teatro foi em 2009, com a peça "Hamlet", dirigida por Aderbal Freire Filho, que morreu em 2023. A cênica, inclusive, terminou em Salvador. "Manobrei tudo para que terminasse aqui e agora começo aqui de novo, porque essa terra me deu tudo", frisou.
"O axé, a relação que tenho com as pessoas... Me reconheço", iniciou Moura, acrescentando que o olhar das pessoas da terra e dos amigos o informam sobre quem ele é. "Também me sinto absolutamente também protegido de estrear aqui. Parece que são as pessoas que eu amo que estão aqui para me acolher e dar energia", completou.
Em seguida, o baiano salientou que tem vivido um momento "frenético", pois a estreia da peça acontece em meio à campanha de divulgação do filme "O Agente Secreto", escolhido para representar o Brasil na corrida pelo Oscar. Moura, inclusive, viajará para Zurique e Nova York, na próxima semana, e retorna apenas dois dias antes da estreia do espetáculo em Salvador. "Vai dar certo! E vai ser bom. A gente tem que abraçar as coisas como elas são", ponderou.
Peça com Wagner Moura teve ingressos esgotados em 18 minutos
Os ingressos para o espetáculo “Um Julgamento – Depois do Inimigo do Povo”, estrelada por Wagner Moura, esgotaram 18 minutos após a abertura das vendas ao meio-dia desta quarta-feira (24). A montagem, que será realizada no Trapiche Barnabé, em Salvador, é dirigida por Christiane Jatahay e teve entradas a preços populares, que variaram entre R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira).
Inspirada na obra Um Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, a peça apresenta um texto original criado por Jatahy em parceria com Wagner Moura e Lucas Paraizo. Na trama, Thomas Stockmann (interpretado por Moura) denuncia a contaminação das águas do balneário de sua cidade e enfrenta um julgamento público para provar que não é "um inimigo do povo".
"Tinha uma inquietação porque, no final das contas, é sobre verdade e as consequências da verdade e, cada vez mais, me assusta muito o fato da relativização da verdade no mundo, sobretudo com as fakenews e tecnologias que fazem com que a gente não veja a realidade", avaliou Wagner Moura na coletiva.
A realização é do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que prepara a instalação de sua primeira unidade em Salvador, no Palácio da Aclamação, no Campo Grande.
Wagner Moura participou de manifestação em Salvador
De passagem por Salvador, Wagner Moura também participou do protesto contra a PEC da Blindagem, realizado no último domingo (21), na Barra, ao lado da cantora Daniela Mercury, quem liderou o movimento na capital baiana. Na ocasião, o ator classificou como “covardes” os deputados federais que votaram a favor do texto na Câmara.
Moura, recém-premiado em Cannes ainda falou que “a extrema-direita não se cria na Bahia”. “Aqui, não, pai”, afirmou.
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