"Patriota do caminhão" diz que ficar pendurado no veículo foi um "ato de defesa"
Bolsonarista negou que o caminheiro tenha dado a ele a chance de descer do carro com segurança
Se você tem acesso à internet, certamente viu a imagem de um homem, de verde e amarelo, agarrado a um caminhão branco em movimento, no meio de uma rodovia. O "patriota do caminhão", como ficou conhecido", é o empresário pernambucano Junior Peixoto, de 41 anos.
Ele é morador da cidade de Caruaru e disse, em entrevista à Folha de S. Paulo, que se pendurou no caminhão como forma de defesa. Ele afirma que nem participava do protesto, indo ao local apenas para entregar água aos manifestantes, quando soube da desobstrução da via.
"Então, quando começaram a liberar [a pista~], eu escutei quando o motorista colocou a marcha no caminhão. Virei para ele e acenei. Eu estava a uma distância de 2 metros do caminhão e gesticulei pedindo um pouco de paciência. Não sei se ele interpretou isso errado, pensou que iria fechar a BR novamente, e aí ele acelerou", narrou.
DUAS VERSÕES
Segundo Peixoto, como ele já estava com as mãos levantadas e gesticulando, a reação imediata foi segurar o limpador do para-brisas. "Graças a Deus que eu tive essa reação, porque hoje eu poderia estar morto. Ele acelerou a máquina para o meu lado e veio com tudo", afirmou.
A versão difere da do motorista. Em um vídeo gravado no momento em que o bolsonarista ainda estava pendurado, o caminhoneiro diz que o manifestante se agarrou ao caminhão e não quis sair. O profissional ainda teria parado o carro e pedido para ele descer, mas Peixoto teria negado.
“Depois de três quilômetros, ele (o motorista) fez uma parada e rapidamente começou a andar. Só deu tempo de colocar o pé no chão e respirar. Quando respirei, ele já puxou o carro novamente. Então a minha reação foi agarrar no mesmo lugar porque minhas pernas estavam trêmulas a ponto de não sair do canto. Foi muito rápido e não deu tempo. Então pra mim, ele não parou”, contou, em outra entrevista, à CNN.
ATÉ ONDE FORAM?
Na versão do bolsonarista, ele percorreu cerca de 6 quilômetros agarrado ao caminhão, trajeto que teria durado cerca de oito minutos. Ele disse acreditar que, em algum momento, o veículo tenha passado dos 100 km/h, o que o deixou bastante assustado.
"Quando o caminhão começou a desenvolver velocidade, eu estava certo que iria morrer. Estava convicto que aquele era o meu último dia de vida", afirmou à Folha. Outros manifestantes teriam tentado fazer o veículo parar, jogando pedras, mas não teria surtido efeito.
Após os momentos agarrado ao carro, o patriota disse que tentou contato com o motorista"Fixei o olhar, por umas duas ou três vezes, e perguntei: ‘você vai me matar, não é?’ Aí, acho que começou a pesar na consciência dele e ele começou a parar", lembra.
POLITICA
Agora, o apoiador de Bolsonaro prefere não falar sobre política. "Acho um tema muito delicado para um cidadão comum, que não tem nenhum tipo de imunidade, tocar nesse assunto. Sou eleitor de Bolsonaro, se houver a oportunidade de ele pleitear uma campanha novamente, eu votarei nele, farei campanha, farei o que for possível, porque ele me representa. Mas o movimento, em si, deixou de ser por Bolsonaro. O movimento em si é pelo Brasil", afirma.
Peixoto reclama ainda da exposição. Os próprios familiares teriam ficado sabendo da ação inusitada pelo vídeo, e não por ele. "Mas confesso que estou bastante assustado, porque este não é meu universo [redes sociais]. Me senti exposto. Inclusive, teve um site que divulgou meu nome e minhas mídias sociais."
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