Na França, Lula recebe homenagem que Dom Pedro II ganhou
Lula recebeu uma homenagem da Academia Francesa e exaltou o multilateralismo em discurso sobre democracia e cooperação global
Por Da Redação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado na quinta-feira (5) pela Academia Francesa, em Paris, e recebeu a mesma honraria concedida a Dom Pedro II em 1872. Em publicação nas redes sociais, Lula classificou o gesto como um “reconhecimento ao Brasil e ao povo brasileiro”.
Fundada em 1635, a Academia Francesa é responsável por zelar pela língua francesa e tem forte influência cultural no país. Em quase 400 anos de história, apenas 20 chefes de Estado foram homenageados em sessões oficiais — entre eles, Lula e Dom Pedro II.
Na cerimônia, os membros da instituição destacaram a palavra "multilateralismo" como símbolo da atuação internacional do presidente brasileiro. O termo ainda não integra o dicionário oficial da Academia. Em seu discurso, Lula reforçou a defesa da cooperação entre países e da busca por soluções conjuntas para desafios globais.
“A grande inovação introduzida após 1945 está sintetizada no sufixo ‘ismo’, acrescentado à palavra multilateral. Essa terminação traduz a intenção não apenas de descrever uma realidade, mas de incidir sobre ela”, afirmou o presidente.
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Lula relacionou o multilateralismo ao enfrentamento de crises humanitárias, ambientais e geopolíticas. “O multilateralismo foi decisivo no processo de descolonização, na proibição de armas químicas e biológicas, na afirmação de direitos humanos, na promoção do livre comércio, na proteção do meio ambiente e na solução de diversos conflitos mundo afora. Infelizmente, estamos nos esquecendo dessas lições”, disse.
Para o presidente, a defesa da democracia nos âmbitos interno e internacional é inseparável. “São as duas faces de uma mesma visão de mundo, baseada no diálogo e no respeito à pluralidade”, declarou.
Após a homenagem, Lula participou de um encontro com a comunidade brasileira na Prefeitura de Paris, a convite da prefeita Anne Hidalgo. No discurso, lembrou suas origens humildes e comentou sobre o peso simbólico da medalha recebida. “Eu sou torneiro mecânico de profissão, não sou acadêmico. Fico orgulhoso de ter trazido uma palavra para enriquecer o dicionário francês, que é a palavra multilateralismo”, afirmou.
Ele também ressaltou que chegou à Presidência por meio do voto direto e defendeu a democracia representativa. “Sou o único brasileiro com três mandatos na Presidência da República eleito diretamente pelo povo. Isso me traz muito orgulho para andar o mundo brigando contra a desigualdade”, disse.
A prefeita de Paris elogiou a trajetória de Lula e o classificou como uma “lenda viva de um país lendário”. Anne Hidalgo destacou que o presidente brasileiro fez da luta contra a injustiça sua missão política. “A eles, o senhor dedicou sua vida de combate, de compaixão, de lutas políticas e sindicais e de escuta atenta”, afirmou.
Entre os presentes no encontro estavam as brasileiras Lélia Salgado, viúva do fotógrafo Sebastião Salgado, e Ana Lúcia Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, morto pela ditadura militar no Brasil. Ambas vivem na França.
Lula está em visita de Estado ao país europeu até a próxima terça-feira (10). Na manhã desta quinta-feira, foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, com quem assinou 20 acordos bilaterais nas áreas de saúde, segurança pública, educação, ciência e tecnologia.
Com informações da Agência Brasil
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