Guerra na Câmara de Salvador: vereadora diz que 'não vai voltar para Casa Branca'

O embate entre o Sandro Filho (PP) e a vereadora Eliete Paraguaçu (PSOL) voltou a ganhar destaque na Câmara de Salvador. Após novas críticas feitas pelo vereador do PP, que denunciou uma possível obra irregular na região de Porto dos Cavalos, Eliete respondeu em tom firme, afirmando que não se sente intimidada.

“Só passo aqui para reafirmar que seguiremos e que não vão interromper a luta das mulheres. A gente não vai voltar para Casa Branca, não seremos mais escravizadas por vocês”, declarou a parlamentar, em discurso no plenário.

Eliete também reforçou a identidade de seu mandato, conhecido como “das águas”: “Mandato popular das águas vai sempre fazer enfrentamento para aqueles e aquelas que tentam o tempo todo querer provar que Eliete Paraguaçu está isso, aquilo ou aquilo outro. Vai ter que cansar e vai ter que cansar muito, porque eu venho de um lugar de muita luta, muita dignidade e fazendo justiça social e ambiental”, acrescentou.

As acusações de Sandro Filho

Na sessão, Sandro afirmou ter recebido uma denúncia de moradores da região de Porto dos Cavalos sobre a execução de uma obra que poderia estar em desacordo com normas ambientais. Segundo ele, a construção estaria vinculada à atuação de uma vereadora da Casa, em contradição com seu discurso em defesa da ecologia e contra o chamado “racismo ambiental”.

“Hoje eu tenho uma denúncia grave para trazer aqui no plenário. Eu recebi a informação, presidente, que está sendo feita uma obra que possivelmente viola normas ambientais. A denúncia veio da comunidade de Porto dos Cavalos e, pasmem, acreditem se quiser, parece que a obra pertence a uma vereadora aqui da Câmara que diz defender o meio ambiente”, disse Sandro, sem citar nomes, mas fazendo referência ao termo “mandato das águas”, frequentemente usado por Eliete.

Histórico de atritos

Essa não foi a primeira vez que os dois vereadores trocaram farpas no plenário. Em ocasiões anteriores, Sandro criticou a ausência da colega em sessões legislativas, enquanto Eliete já se referiu a parlamentares opositores como “capitães do mato”, em resposta às cobranças recebidas.

O confronto evidencia não apenas divergências pessoais, mas também disputas políticas e de narrativa dentro da Câmara Municipal, envolvendo temas como justiça ambiental, representatividade e a forma como os mandatos são exercidos.