Ex-chefe da Marinha na Bahia ofereceu tanques para aplicar plano golpista, diz PF
Em contraste com seu papel em ações antidemocráticas, Garnier é uma figura conhecida por suas condecorações e títulos na Bahia, enquanto comandou o 2º Distrito Naval, situado em Salvador
Relatório da Polícia Federal aponta que o ex-comandante da Marinha e do 2º Distrito Naval de Salvador, Almir Garnier Santos, indiciado pela própria PF, teria disponibilizado tanques de guerra para aplicação do plano golpista que, segundo a investigação, foi liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PF confirma a adesão de Garnier ao movimento golpista, que tinha intuito de assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O relatório da PF também indica que Garnier estava alinhado ao movimento golpista, embora as Forças Armadas, como o Exército e a Aeronáutica, não tenham se juntado à tentativa de ruptura institucional aderida pela Marinha.
O indiciamento de Garnier baseia-se em mensagens enviadas pelo tenente-coronel Sérgio Cavaliere, que, em conversas com o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o também tenente-coronel Mauro Cid, revela o envolvimento de Garnier com a tentativa de golpe.
Em uma das mensagens, Cavaliere relata que um contato identificado como "Riva" confirmou o apoio de Garnier ao plano, dizendo: “O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos.” (VEJA ABAIXO)
Imagem: Polícia Federal
Em outra troca de mensagens, Cavaliere afirma que um “amigo da Presidência” (presumivelmente Mauro Cid) lhe informou sobre o envolvimento da Marinha, enquanto outras forças militares se mantiveram leais à legalidade.
Além do indiciamento pela participação no golpe, Garnier também é acusado de envolvimento no plano para o assassinato do presidente Lula, parte de uma trama mais ampla de desestabilização do governo.
O caso foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para os devidos encaminhamentos legais.
Relação com a Bahia
Em contraste com seu papel em ações antidemocráticas, Garnier é uma figura conhecida por suas condecorações e títulos na Bahia, enquanto comandou o 2º Distrito Naval, responsável pela divisão da Marinha na Bahia e em Sergipe.
O atual vice-almirante da Marinha recebeu diversas honrarias, incluindo a Medalha de Mérito Policial-Militar do Estado da Bahia, a Medalha Devocional do Senhor Bom Jesus do Bonfim e o título de Cidadão Baiano, concedido em 2018.
Em 2017, foi agraciado com o título de cidadania soteropolitana pela Câmara Municipal de Salvador e a Medalha Thomé de Souza, a mais alta honraria da Casa.
Garnier trabalhou no Ministério da Defesa entre junho de 2014 e janeiro de 2017 como assessor especial militar do ministro, tendo servido aos ministros Celso Amorim, Jaques Wagner, Aldo Rebelo e Raul Jungmann. Após deixar o governo, assumiu o 2º Distrito Naval, em Salvador.
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