Cordeiros ameaçam parar no carnaval caso não tenham tarifa zero

Governos federal, estadual e municipal firmaram uma parceria, na última sexta-feira (7), com o propósito de melhorar as condições de trabalho dos profissionais no carnaval. No ato, o prefeito Bruno Reis anunciou gratuidade na passagem de ônibus para os ambulantes, mas outras categorias pedem o mesmo direito. Os cordeiros, inclusive, ameaçam parar no carnaval caso não tenham tarifa zero.

"As lideranças dos cordeiros afirmaram que se o Sindcorda, junto com a Prefeitura, não conseguirem tarifa zero, eles vão parar no carnaval. Não existe a distinção de categoria, os cordeiros terem tarifa zero e a gente não", afirmou Matias Santos, diretor do Sindcorda ao Aratu On.

O diretor do Sindicato dos cordeiros também afirmou que já há conversa com a gestão municipal para que haja a ampliação do benefício. 

Cordeiros ameaçam parar no carnaval caso não tenham tarifa zero

Segundo o sindicato que representa os cordeiros, a prefeitura pediu que a categoria elaborasse um Cadastro Único. Desse modo, fosse possível passar para gestão quem trabalhará no carnaval e terá direito a tarifa zero. Esse diálogo teria acontecido não só com os cordeiros, mas também com os catadores.

"Nós já entramos em contato com o TI para fazer esse cadastro geral, já estamos finalizando com apoio das lideranças o cadastramento dos nomes. Até dezembro teremos todos os cordeiros para passarmos aos órgãos do estado e do município poderem auxiliar os trabalhadores"

Matias informou que a categoria conta com o apoio dos órgãos público para melhorar as condições de trabalho. Uma vez que a gestão municipal se aproximando, a perspectiva é de pedir os demais benefícios aos entes privados, como os blocos do carnaval. 

"A gente quer os pontos de apoio para o fornecimento de água no caminho do trajeto. Os blocos dão água, mas apenas três águas de 500 ml no circuito todo. Além disso, um centro de convivência, mas o principal é a tarifa zero"

Ainda de acordo com o Sindicato, são 15 mil a 17 mil cordeiros que trabalham por dia no carnaval. Em 2025, a classe recebeu uma diária de R$ 100, mas o planejamento da categoria é lutar por aumento deste valor. Segundo ele, este ponto ainda está em fase de negociação.

"A tarifa zero é uma das contrapartidas sociais que a prefeitura pode fazer para esses trabalhadores. E aí a gente vai melhorar também na questão dos empresários. Se eu tenho a prefeitura ajudando de um lado, no transporte, o empresariado pode melhorar a diária", concluiu.

Pacto intergovernamental 

Cerca de 20 mil pessoas atuam diretamente nas atividades nas atividades da maior festa popular da Bahia. Carnaval: Inédito pacto intergovernamental busca garantir condições de trabalho. É a primeira vez que os governos federal, estadual e municipal firmaram uma parceria com o propósito de melhorar as condições de trabalho dos profissionais que fazem parte da cadeia produtiva do Carnaval de Salvador.

O acordo consolida uma cooperação entre União, Estado e Município, com a participação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O pacto define metas voltadas à inclusão produtiva e à valorização das condições laborais de trabalhadores como cordeiros, ambulantes e catadores.

Após a assinatura do pacto, os entes envolvidos terão 30 dias para apresentar um plano de trabalho conjunto. Apesar disso, na cerimônia Bruno Reis se antecipou e já anunciou a tarifa zero para os ambulantes. Além disso, o gestor anunciou a abertura de restaurantes populares que vão distribuir refeições nos principais circuitos.

Outra ação destacada por ele é a ampliação do programa Salvador Acolhe, que oferece espaços para acolher os filhos de ambulantes durante o período da festa. O número de vagas passará de 450 para 600 no próximo ano.