Política

Líder do governo na AL-BA propõe honraria a Carlos Gabas, citado em 'esquema dos respiradores'

No fim de 2021, Gabas se tornou o principal alvo da CPI da Covid na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte

Por Matheus Caldas

Líder do governo na AL-BA propõe honraria a Carlos Gabas, citado em 'esquema dos respiradores'Créditos da foto: AscomALBA/AgênciaALBA
*Com colaboração do repórter João Brandão
Líder do governo de Jerônimo Rodrigues na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o deputado estadual Rosemberg Pinto (PT) propôs a concessão do título de Cidadão Baiano ao secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Gabas, citado como um dos envolvidos na compra de respiradores nunca entregues à Bahia e aos estados nordestinos, em 2020. A operação custou R$ 48 milhões aos cofres públicos.
Na justificativa apresentada à Assembleia, e protocolada no Diário Oficial do Legislativo desta sexta-feira (12/5), Rosemberg diz que Gabas “carrega invejável bagagem profissional, contabilizando experiências em relevantes setores públicos”. Ele também crê que o representante do Consórcio Nordeste “teve participação de destaque na articulação dos governadores do Nordeste durante a pandemia do Covid-19”.
No fim de 2021, Carlos Gabas se tornou o principal alvo da CPI da Covid na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Segundo a revista Veja, ele teve os sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal quebrados na investigação sobre os respiradores não entregues ao grupo nordestino.
Ao fim dos trabalhos, o colegiado sugeriu o indiciamento dele por improbidade administrativa - o Legislativo potiguar pediu a mesma sanção ao ministro da Casa Civil, Rui Costa (ex-governador da Bahia e presidente do Consórcio à época), o ex-secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), de Edinho Silva (atual prefeito de Araraquara/SP), e do secretário de Saúde do Rio Grande do Norte, Cipriano Maia. Além deles, empresários e outros servidores públicos também foram indiciados.
O portal Bahia Notícias trouxe à tona, à época, os depoimentos da sócia da Hempcare, Cristiana Taddeo, e do CEO da BioGeoenergy, Paulo de Tarso, representantes das empresas envolvidas na operação.
De acordo com a matéria, Tarso afirmou que Gabas, juntamente com o vice-governador João Leão e o ex-secretário Bruno Dauster, apresentaram o suposto intermediário do governo baiano, Cleber Isaac. Segundo Cristiana Taddeo, Isaac teria recebido uma comissão de R$ 3 milhões por ter facilitado a negociação com o Consórcio Nordeste.
O depoimento da empresária cita que Gabas, quando entrou em contato com ela, se identificou como “irmão de alma” do prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, e pontuou que a cidade paulista precisaria de 30 respiradores, mas que não teria verba e o pedido teria vindo implícito. A reportagem da Veja diz que o Ministério Público apontou que o caso se tratava de propina disfarçada. Gabas negou em julho qualquer irregularidade e chamou a empresária de criminosa.
Gabas chegou a ser convocado pela CPI do Legislativo potiguar, mas permaneceu em silêncio durante o depoimento. Isto foi possível após a Justiça do estado conceder habeas corpus para que ele não precisasse responder aos questionamentos dos deputados. Ele chegou a ter a convocação pedida por parlamentares para comparecer à CPI da Covid, no Congresso, mas os requerimentos foram negados.
O secretário-executivo do Consórcio Nordeste é aliado antigo de governos petistas. Ele foi ministro interino e titular da Previdência Social no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2008 e 2011, e da ex-presidente Dilma Rouseff (PT), em 2015. Com Dilma, ele também comandou, em 2016, o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil do Brasil.
O Aratu On não conseguiu contato com a assessoria de imprensa de Rosemberg até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para posicionamento.
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