"Seu desgraçado preto", diz passageira após motorista de transporte por aplicativo se negar a fazer manobra indevida em Salvador; assista
O motorista vítima de racismo contou ao Aratu On que ainda não recebeu o suporte por parte da empresa em que presta serviço
A 16ª Delegacia Territorial, no bairro da Pituba, em Salvador, investiga o caso de racismo sofrido por um motorista de transporte por aplicativo ocorrido, na terça-feira (6/7), na capital baiana. O condutor Nelson Morais, relatou que foi humilhado e vítima de injúrias raciais, após negar o pedido de manobra indevida, solicitado pela cliente.
"Eu peguei a passageira em frente ao Shopping da Bahia com destino ao Shopping Salvador. Entretanto. ela queria que eu saísse da marginal e fosse para a principal pelo canteiro, pela calçada. Quando eu disse que não ia fazer isso ela começou a me ofender", explicou a vítima ao Aratu On.
Imagens registradas pelo celular de Nelson comprovam a agressão. Diante da situação, o motorista decidiu deixar a usuária da plataforma no mesmo local em que ela fez a solicitação do serviço.
Insatisfeita, a mulher acusou o condutor de receber o "dinheirinho" sem deixá-la no destino solicitado. Na gravação, é possível ver, ainda, que ao sair do carro, ela, que estava acompanhada por uma criança, chama a vítima de “desgraçado preto".
"Apesar de você não me levar ao endereço você ainda ganhou um dinheiro. Esse filho da p*** tem que tá na merda. Ele não fez a corrida e encerrou a corrida. Eu vou fazer uma reclamação de você", diz a passageira.
Motorista se nega a cometer infração de trânsito e passageira defere ataques racistas contra ele. pic.twitter.com/jzeYFFrkEy
— Aratu On (de 🏠) (@aratuonline) July 7, 2021
Nelson relatou ao Aratu On que apesar de ter reportado o caso à Uber, obteve, apenas, uma mensagem automática, como resposta, alegando que repudia a qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e que nenhum apoio foi fornecido até a manhã desta quarta-feira (7/7).
Em nota enviada ao Aratu On, a Uber, por sua vez, informou que a conta que pediu a viagem em questão foi desativada da plataforma após a denúncia. A empresa reafirmou ainda o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o app.
“Sabemos que o preconceito, infelizmente, permeia a nossa sociedade e que cabe a todos nós combatê-lo. Como parte desses esforços, a Uber,em parceria com as advogadas da deFEMde, revisou o processo de atendimento na plataforma, a fim de facilitar as denúncias de racismo e acolher melhor o relato da vítima. Recentemente, a Uber também lançou uma campanha que convida usuários e motoristas parceiros para serem aliados no combate ao racismo. A iniciativa tem o objetivo de promover um conteúdo educativo dentro do próprio aplicativo e é parte de um compromisso global assumido pela empresa no ano passado com o objetivo de combater o racismo e criar produtos igualitários por meio da tecnologia.”, esclareceu a empresa.
Informações preliminares dão conta de que a mulher teria fugido para a terra natal, em Fortaleza. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado que que a 16ª Delegacia Territorial solicitará o nome da usuária a plataforma de aplicativo.
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