Especialista explica como comerciantes devem se planejar para a reabertura em Salvador; "cenário muito instável"
Especialista explica como comerciantes devem se planejar para a reabertura em Salvador; "cenário muito instável"
Com o anúncio do prefeito ACM Neto (DEM) de que a reabertura do comércio em Salvador deve acontecer na semana que vem, os comerciantes começaram a se preparar para encarar o mund, mesmo com a pandemia. O economista Alex Cruz, dono de um serviço de consultoria às empresas e membro da Associação Brasileira de Consultores Empresariais (ABRACEM), explica que os microempresários devem prestar atenção ao novo “ponto de equilíbrio” dos negócios.
“O ponto de equilíbrio é o mínimo que o empreendedor precisa vender por mês para pagar as contas. Se um comerciante abre por abrir o estabelecimento na flexibilização, sem ter em mente esse planejamento, seu prejuízo pode ser ainda maior. Eu sugiro fazer uma avaliação, sobretudo para quem já retorna na ‘Fase 1', de quanto você tem que vender e faturar por mês para pagar os custos acumulados”, recomenda.
Feita a avaliação financeira, o dono da Cruz Consultoria sugere não fazer um planejamento a longo prazo, seja em comércios de rua, lojas de shopping ou centros comerciais, já que a abertura do comércio dependerá de variáveis, como a taxa de ocupação de leitos de UTIs.
“Faça um planejamento de curto período quando voltar, ciente de que o cenário ainda é muito instável. Preste atenção em métricas como movimentação dos clientes, quadro de infecções e ocupação dos leitos para não ser pego desprevenido com a ausência de consumidores ou um novo decreto de fechamento das lojas. Apesar das expectativas para retomada, o comerciante tem ainda a opção de não abrir o estabelecimento. Pode parecer loucura não retornar, mas se você decide abrir as portas, retomar a escalada da equipe, folha de pagamento, insumos e o negócio não andou, você sairá com um prejuízo maior do que antes”, alerta.
Projetando a efetividade do comércio presencial na pandemia, Alex acredita que os negócios não devem render “lucros” até o final do ano. Mesmo diante dos estabelecimentos que estão para abrir em breve, o economista aconselha que lojistas foquem em compensar a redução do período de quarentena, trabalhando estratégias comerciais chamativas para seduzir os “novos consumidores”, que estão mais receosos, exigentes e atentos a promoções na pandemia.
Para se adaptar ao mercado inusitado da flexibilização, o consultor atenta para dois cuidados fundamentais: abrir a loja com custo enxuto e reiterar que o estabelecimento atua sob as medidas de higienização. Após as instruções, o lojistas deve basear as finanças em cenários distintos, para alta e baixa movimentação dos clientes.
“O primeiro contexto envolve uma grande movimentação nas calçadas, com procura por entretenimento e serviços que a população esteve privada, como aconteceu nos bares e restaurantes vistos no Rio de Janeiro. Outra suposição seria a população estar receosa em voltar às ruas, mesmo tendo liberado os setores do comércio. Em qualquer um dos acontecimentos, pode-se esperar um alerta de que o comércio volte a ter prejuízos, sejam graduais ou explosivos. Portanto, foque sempre em quitar dívidas gradualmente, em vez de procurar lucros com antecedência”, conclui.
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