Grupo X de Improvisação em Dança apresenta 'Encontra Tempo' no Museu de Arte da Bahia

Grupo X de Improvisação em Dança apresenta "Encontra Tempo" dias 17 e 18 de julho no Museu de Arte da Bahia

Por Da Redação.

“Você viu o vídeo da formiga carregando a flor amarela?”. É com essa imagem-metáfora — pequena, delicada e potente — que o Grupo X de Improvisação em Dança, projeto de extensão vinculado à Escola de Dança da UFBA, anuncia seu novo espetáculo, Encontra Tempo. Após a travessia silenciosa da pandemia, o grupo ressurge como quem sopra vida sobre as brasas da cena, reacendendo o encontro entre corpos, tempos e afetos. Nos dias 17 e 18 de julho, às 19h, o Museu de Arte da Bahia será abrigo para esse rito de reaparecimento.

Grupo X De Improvisação Em Dança Apresenta 'encontra Tempo' No Museu De Arte Da Bahia

Contemplado pelo Edital Territórios Criativos Ano II, da Fundação Gregório de Mattos, o projeto marca o retorno às atividades presenciais do grupo, que acumula 27 anos de história dedicados à formação, à criação e à acessibilidade em dança. Encontra Tempo não apenas celebra a volta: propõe outras formas de estar no tempo.

Aqui, a pressa não tem vez

O espetáculo se desenha em tempo expandido — tempo de presença, de escuta, de disponibilidade para o outro. Mais do que um espetáculo, Encontra Tempo é um reencontro com o sensível. É o tempo da espera vivido como gesto político. É dança que borra o cotidiano com farinha, redesenha a cena com objetos, memórias e afetos, e transforma uma mesa comum em território fértil de imaginação.

O que se assistirá é dança ritualística de corpos mundanos, a ocuparem espaço a partir de suas expressões no Tempo. Tudo começa como quem engatilha um sopro ou um gesto, tateando palavras difíceis de encontrar. Gramêlos e cânticos, como a sala de uma casa urbana ou da rua em movimento, atravessam o ambiente, que, apesar de um, são vários.

Em Encontra Tempo tudo é deslocamento, individual e coletivo. Cada passo mede o espaço, conta o território, risca o chão como quem pergunta: em que ponto esses corpos se encontram? As corpas, que se vestem e desvestem, abrem passagem a outras narrativas que se desenrolam todas ao mesmo tempo, sem começo nem fim.

Grupo X De Improvisação Em Dança Apresenta Encontra Tempo Dias 17 E 18 De Julho No Museu De Arte Da Bahia

O espetáculo avança como um sonho que se revela aos poucos. Há quem se mova sobre as cadeiras, quem caminhe até as pilastras, quem despenque como quem precisa cair para recomeçar. Há a dança social dos peões — primeiro sós, depois em coletivo, como a própria formiga que insiste, incansável, no trabalho compartilhado.

No palco, os intérpretes-criadores Edu O., Natalia Rocha, Thiago Cohen, Aldren Lincoln, Lua Candeia e Camila Nantes, ao lado dos artistas intercambistas Jeanne Anna Simone e Wilfrid Jaubert (companhia francesa Artmacadam), moldam imagens como quem sonha acordado. Não há lógica linear: há camadas poéticas, há relações que se tecem como fiapos de um sonho coletivo. Há o gesto da formiga que carrega a flor — insistente, frágil, poderoso.

“Encontrar Tempo, como disse Camila Nantes, é também criar o tempo. No nosso caso, criar tempo para se fortalecer em grupo, em coletividade, compreender as dinâmicas dilatadas ou apressar o passo para acabar a saudade. São várias imagens que nos levam a ver, como um sonho sem lógica aparente, a experiência”, destaca Edu O., que assume a direção do Grupo X com Fafá Daltro.

A cena se amplia com a presença do intérprete de Libras-performer Vinicius Haastari, que, em movimento, cria novos sentidos para o corpo e para a palavra. A audiodescrição, desenvolvida por Adriana Urpia e Natalia Rocha, com colaboração de Edu O., emerge como camada dramatúrgica, estética e política. A audiodescrição e Libras não apenas traduzem: ecoam como trilhas sonoras melódicas e silenciosas, como camadas de dramaturgia, como respiração coletiva que narra, compõe e expande a cena.

Com produção de Nei Lima, Encontra Tempo é também fruto do projeto de intercâmbio artístico Euphorico, realizado desde 2004 em parceria com a companhia francesa Artmacadam. Em sua edição de 2025, o projeto reúne artistas do Brasil, da França e da Argentina — como Celia Argüello e Demo Santi, pesquisadores argentinos em residência na UFBA —, ampliando a tessitura internacional da obra e reafirmando a improvisação e a acessibilidade em dança como linguagens de afeto, resistência e criação coletiva.

Grupo X

Criado em 1998 por Fátima Daltro e David Iannitelli como projeto de extensão da Escola de Dança da UFBA, o Grupo X de Improvisação em Dança é uma das mais longevas e relevantes experiências brasileiras na interseção entre criação, acessibilidade e formação em dança. Com 27 anos de atuação, o grupo desenvolve pesquisas em improvisação e criação coletiva, promove encontros abertos à comunidade e consolida uma poética que valoriza a diversidade de corpos, subjetividades e experiências.

Referência nacional na relação entre dança e deficiência, o Grupo X é pioneiro na pesquisa de audiodescrição em cena. Em 2008, estreou o espetáculo Os 3 Audíveis, contemplado pelo Prêmio Funarte Klauss Vianna. Desde então, investiga o uso das tecnologias assistivas como ferramenta criativa, integrando-as à dramaturgia da cena.

O grupo também se destaca pelo protagonismo de artistas com deficiência em seu núcleo artístico e administrativo. Nomes como Edu O. (com deficiência física) e Natalia Rocha (com deficiência visual) são referências no cenário da arte contemporânea, transformando concepções e modos de produção em dança a partir de suas singularidades. Suas pesquisas apontam caminhos inovadores para a criação acessível e a crítica cultural anticapacitista.

Serviço

O quê: Encontra Tempo, um espetáculo onírico do Grupo X de Improvisação em Dança
Quando: 17 e 18 de julho de 2025, às 19h
Local: Museu de Arte da Bahia – Corredor da Vitória, Salvador
Entrada Gratuita

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