Líder espiritual Kleber Aran é condenado a 50 anos de prisão por estupro
Líder espiritual Kléber Aran Ferreira da Silva,do templo Amor Supremo, foi preso em novembro do ano passado suspeito de importunação, abuso e violação sexual
Por Ananda Costa.
O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) condenou o líder religioso Kleber Aran Ferreira da Silva a 50 anos, 16 meses e 25 dias de prisão em regime fechado. Ele, que se dizia incorporar o médico alemão Dr. Fritz, havia sido preso em novembro do ano passado, suspeito de importunação, abuso e violação sexual.
A decisão, proferida em 12 de setembro, atendeu a um recurso do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que solicitou o aumento da pena e o reconhecimento do crime de estupro de vulnerável.
Em primeira instância, Kleber, líder da Associação Sociedade Espírita Brasileira Amor Supremo (Sebas), havia sido condenado a 20 anos e cinco meses de prisão por violação sexual mediante fraude.
Com a nova decisão, o TJ-BA reconheceu que uma das vítimas estava em estado de vulnerabilidade devido à ingestão de bebida alcoólica induzida pelo réu, o que caracteriza o crime de estupro de vulnerável, conforme previsto no artigo 217-A do Código Penal.
Segundo o MP-BA, os crimes ocorreram no contexto das atividades desenvolvidas no centro espírita liderado por Kleber, onde ele se apresentava como médium e afirmava incorporar a entidade espiritual “Dr. Fritz”.
As investigações apontam que o réu utilizava sua posição de liderança religiosa para manipular psicologicamente frequentadoras da instituição, especialmente mulheres em situação de fragilidade emocional ou com familiares doentes.
Denúncias contra o líder espiritual Kleber Aran
De acordo com os relatos das vítimas, Kleber alegava que os abusos faziam parte de “rituais espirituais” e que as relações sexuais seriam necessárias para transmitir “energia espiritual”. Algumas mulheres também relataram ter sido coagidas a consumir bebidas alcoólicas antes dos encontros.
A denúncia foi oferecida pelo MP-BA por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos de Salvador e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), após investigações iniciadas em 2021, com base em denúncias recebidas pelo projeto Justiceiras, que apoia mulheres vítimas de violência de gênero. O processo foi acompanhado pela 24ª Promotoria de Justiça Criminal.
Além da pena de prisão, Kleber já havia sido condenado, em novembro de 2024, a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 50 mil a cada uma das três vítimas.
Relembre o caso
O líder espiritual do templo Amor Supremo, Kléber Aran Ferreira da Silva, de 50 anos, foi preso no dia 9 de novembro de 2024, no bairro da Pituba, em Salvador, sob acusação de importunação, abuso e violação sexual. Conhecido por afirmar que incorporava o espírito do médico alemão Adolph Fritz, ou “Dr. Fritz”, ele foi detido durante um evento público.
Segundo a Polícia Civil, ao menos três mulheres o denunciaram, alegando que ele se aproveitava de momentos de vulnerabilidade das vítimas para cometer os abusos.
A ordem de prisão foi expedida pela 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Salvador e cumprida por equipes do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV) da Polícia Civil.
Participaram da prisão também equipes das Delegacias Especial de Atendimento à Mulher (Deams/Casa da Mulher), Atendimento ao Idoso (Deati) e da Especializada de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca).
Outros casos envolvendo líderes espirituais
Em 2020, o ex-líder de uma Loja Maçônica da Bahia, Jair Tércio Cunha Costa, de 63 anos, começou a ser investigado pelo Ministério Público da Bahia por abusos sexual e psicológico contra, pelo menos, 14 mulheres.
A primeira mulher a relatar o caso foi a pedagoga e doutora em educação Tatiana Badaró. Ela revelou durante entrevista à revista eletrônica semanal que conheceu Jair em 2002, depois de engravidar durante a adolescência. "Eu não pude escolher minha profissão, fui determinada a fazer pedagogia e obrigada a trabalhar na escola que ele fundou", disse a mulher, que foi indicada para a doutrina por um namorado.
No mês seguinte, o Ministério Público estadual ofereceu mais uma nova denúncia contra o ex-líder. Na época, Jair Tércio teve um mandado de prisão preventiva em aberto, expedido pela 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar de Salvador, com validade até 9 de setembro de 2040.
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