Brasil caminha para ter seu próprio idioma; entenda

Estudiosos como Mikhail Bakhtin afirmam que a língua é viva. Agora, você já pensou que o português falado no Brasil e o de Portugal, podem levar a um processo oficial de separação linguística em breve? O português falado no Brasil está tão distante da norma europeia que, em breve, poderá ser reconhecido oficialmente como um idioma distinto, o “brasileiro”.

Desde a Independência do Brasil, em 1822, o país vem acumulando os chamados "brasileirismos", e não há nada melhor que os sotaques e gírias regionais, que mudam a cada estado para ilustrar a independência.

O idioma que chamamos hoje de português nasceu na Galícia, região atualmente pertencente à Espanha, e não em Portugal propriamente dito. A partir daí, o que hoje conhecemos como português brasileiro teria trilhado um caminho próprio, marcado por influências indígenas, africanas e variações internas, a ponto de merecer o status de uma nova língua, segundo o linguista português Fernando Venâncio, ao Diário do Comércio.

Além disso, não existe um único “português do Brasil”: a língua muda de região para região. O “r caipira” do interior paulista, o “s chiado” dos cariocas, o ritmo cantado do nordeste — todos são exemplos de uma diversidade linguística interna que evidencia a vitalidade do idioma.

Hoje, o português é falado em nove países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e reúne cerca de 280 milhões de falantes, sendo mais de 80% deles brasileiros. Mesmo assim, iniciativas de unificação, como o Acordo Ortográfico, geram polêmicas e resistência, especialmente no Brasil, onde parte da população sente que está sendo forçada a seguir regras de uma norma que já não condiz com sua realidade linguística.

Apesar do ceticismo de autoridades e linguistas mais conservadores, cresce entre estudiosos o entendimento de que o português brasileiro já não precisa da validação da norma europeia para existir.