Atriz virtual criada por IA provoca protestos em Hollywood; veja reações
A criação de uma atriz por IA provocou reações de produtores e associados de Hollywood, que temem impacto na produção cinematográfica
Por Rosana Bomfim.
A atriz digital Tilly Norwood, desenvolvida por inteligência artificial, tem causado polêmica em Hollywood, na Califórnia (EUA), coração da indústria cinematográfica.
O projeto é assinado pela Particle6, estúdio de tecnologia fundado pela produtora e comediante holandesa Eline Van der Velden, que apresentou oficialmente a personagem no último fim de semana, durante o Zurich Summit, evento paralelo ao Festival de Cinema de Zurique.
Desde o anúncio, Tilly Norwood tornou-se um dos assuntos mais comentados da indústria, mas não de forma positiva. Associações, atores e cineastas têm criticado duramente a iniciativa, afirmando que a inteligência artificial não deve ocupar espaço destinado a profissionais humanos.
Atriz criada por IA: reação do sindicato e da classe artística
O sindicato norte-americano SAG-AFTRA divulgou um comunicado em que reforça:
“A criatividade é, e deve permanecer, centrada no ser humano. Tilly Norwood não é uma atriz, mas uma personagem gerada por um programa de computador treinado a partir do trabalho de inúmeros artistas, sem autorização ou remuneração.”
Em uma das postagens no perfil oficial da "atriz" , ela "relata" na legenda a sua eficiência na produção e, supostamente, na conquista do Oscra; veja o vídeo:
A entidade ainda destacou que não há “emoção, experiência de vida ou autenticidade” em produções baseadas apenas em IA, e que o público demonstra pouco interesse em consumir esse tipo de conteúdo.
Atores também se manifestaram. Melissa Barrera, estrela de Em um Bairro de Nova York e Pânico, escreveu nas redes sociais:
“Espero que todos os atores representados pelo agente que fez isso se ferrem. Que nojo.”
Já Natasha Lyonne, conhecida por Boneca Russa, classificou o projeto como “profundamente equivocado e perturbador” e sugeriu boicote a agências envolvidas com iniciativas do tipo. Lyonne dirige atualmente o longa Uncanny Valley, que busca integrar inteligência artificial de forma considerada “ética” com métodos tradicionais de produção.
O debate sobre IA em Hollywood
O uso de inteligência artificial já vinha sendo motivo de tensão em Hollywood. O tema foi central na longa greve de roteiristas e atores de 2023, que resultou em salvaguardas para evitar a exploração de imagens e vozes digitais sem consentimento.
No setor de videogames, atores também conquistaram a exigência de autorização por escrito para a criação de réplicas digitais.
Mesmo assim, a polêmica persiste. O vencedor do Oscar de 2024, O Brutalista, gerou discussão ao utilizar IA para dublar diálogos em húngaro de personagens interpretados por Adrien Brody e Felicity Jones.
A defesa da criadora da atriz
Diante das críticas, Van der Velden defendeu sua criação em uma postagem no Instagram: “ela não é uma substituta de um ser humano, mas uma obra criativa – uma peça de arte. Como muitas formas de arte antes dela, ela provoca conversas, e isso por si só mostra o poder da criatividade..”
Segundo ela, personagens de IA deveriam ser considerados um gênero próprio. “Criar Tilly foi um ato de imaginação e habilidade, assim como escrever um papel ou moldar uma performance. Dar vida a um personagem assim exige tempo, técnica e iteração.”
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