Indígena Pataxó é morto a tiros na Bahia; polícia investiga o caso

Um indígena Pataxó foi morto e outro ficou ferido na noite de segunda-feira (10) no Território Indígena (TI) Barra Velha de Monte Pascoal, no município de Prado, no extremo sul da Bahia. A vítima fatal foi identificada como Vitor Braga Braz, de 53 anos. Além dele, dois adolescentes estão desaparecidos, segundo informações de entidades indígenas e do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).  

O Conselho de Caciques Pataxó (Conpaca) denunciou que o crime teria sido cometido por "pistoleiros em um ataque orquestrado por fazendeiros". Em nota de repúdio enviada à imprensa, o conselho afirmou que um dos membros da comunidade foi "cruelmente assassinado".  

A Polícia Civil da Bahia informou ao Aratu On que a Delegacia Territorial de Prado instaurou um inquérito policial para investigar a morte de Vitor Braga Braz: "Segundo o registro, ele foi vítima de disparos de arma de fogo em uma área indígena. Na ocasião, um homem de 25 anos ficou ferido, sendo socorrido para uma unidade hospitalar. Guias de local e necropsia foram expedidas e a unidade territorial realiza diligências para identificar a autoria e motivação do crime".  

Já a Secretaria de Segurança Pública da Bahia comunicou que a Força Integrada de Combate a Crimes Comuns Envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais reforçou as ações ostensivas e de inteligência na Aldeia Terra Vista, no município de Prado, após "ocorrência que terminou com um indígena morto por disparo de arma de fogo". As equipes atuam para identificar e capturar os envolvidos.  

Para o Conpaca, "essa nova tragédia se soma a um histórico de violações, ameaças e ataques sistemáticos contra o povo Pataxó". Em nota, a entidade declarou: "Não aceitaremos que nossas terras sejam tomadas e que nossas vidas sejam ceifadas impunemente. Não entregaremos nosso território a invasores que, com suas mãos manchadas de sangue, tentam nos exterminar".  

A Terra Indígena Barra Velha do Monte Pascoal ocupa uma área de 52,7 mil hectares e abrange os municípios de Itabela, Itamaraju, Prado e Porto Seguro. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) destaca que, diante da demora no processo de demarcação e da limitação de espaço, os Pataxó intensificaram as reivindicações pela terra, enquanto a reação de fazendeiros tem sido marcada por episódios de violência.