Fábrica clandestina de fogos é interditada no Recôncavo e dono é preso
Dono é preso e material será incinerado após flagrante da fábrica clandestina de fogos no Recôncavo Baiano
Por Lucas Pereira.
Uma fábrica clandestina de fogos de artifício, localizada em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, foi interditada durante uma operação conjunta realizada na manhã desta quarta-feira (14). O proprietário do local, Ariosvaldo Prazeres, foi preso em flagrante e conduzido à delegacia local.
Durante a fiscalização, as equipes identificaram a produção irregular de artefatos explosivos sem autorização do Exército e em desacordo com normas de segurança. O material apreendido será contabilizado e incinerado nos próximos dias.
Batizada de "Operação Brincar com Fogo", a ação envolveu o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Polícia Civil, o Departamento de Polícia Técnica, o Exército Brasileiro e a Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRT-BA).
Os agentes visitam diversos pontos da região onde haveria fabricação e armazenamento ilegal de fogos e matérias-primas. Segundo os fiscais, a fábrica funcionava em uma casa adaptada e descumpria vários itens da Norma Regulamentadora nº 19, que trata da segurança em atividades com explosivos.
Além disso, o funcionamento do local violava uma liminar da Justiça do Trabalho, que proíbe qualquer atividade envolvendo fogos por parte de Gilson Froes Prazeres Bastos, seus sócios e empresas. Gilson é irmão de Ariosvaldo e filho do antigo dono da fábrica responsável pela explosão que matou 64 pessoas em 1998, incluindo 20 crianças.
A investigação revelou que a família montou um esquema para burlar a fiscalização e manter a atividade clandestina. A empresa usada na operação atual foi registrada em nome de Ana Bastos Prazeres, irmã de Gilson e de Ariosvaldo. O material apreendido levava o CNPJ da firma dela, o que, segundo o MPT, evidencia a tentativa de ocultar a real autoria da atividade.
O grupo empresarial da família Prazeres Bastos, que inclui nomes como Fogos Boa Vista, Fogos Import e Fogos São João, está proibido judicialmente de atuar no setor. Ainda assim, o MPT identificou que a produção ilegal continuava ocorrendo com o uso de “laranjas” e empresas de fachada. Em decisões recentes, a Justiça acolheu a tese de que existe um grupo econômico forjado para driblar sanções legais.
O MPT destaca que a informalidade foi adotada como estratégia desde que o grupo passou a ser responsabilizado por tragédias anteriores. Isso teria reduzido a vigilância de órgãos como o Exército, Corpo de Bombeiros, Crea e Conselho Regional de Química. A decisão judicial vigente impõe multa de R$ 200 mil por cada item descumprido, valor que será cobrado em juízo com base nas infrações identificadas nesta nova operação.
Siga a gente no Insta, Facebook, Bluesky e X. Envie denúncia ou sugestão de pauta para (71) 99940 – 7440 (WhatsApp).