Traficantes de drogas são culpados pela morte de Mãe Bernadete, indica polícia; 6 homens foram indiciados
Ialorixá e líder quilombola sofreu 25 tiros em casa, todos ouvidos pelos netos que estavam no quarto ao lado do crime
Seis homens estão sendo indiciados por participação direta e indireta no morte da líder quilombola Bernadete Pacífico, morta em agosto na localidade do Quilombo das Pitangueiras, no município de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.
São eles: o madeireiro ilegal Sérgio Ferreira de Jesus, o interceptador Carlos Gyodai e os membros de uma facção criminosa Arielson da Conceição Santos, Marílio dos Santos, Ydney Carlos dos Santos de Jesus e Josevan Dionísio dos Santos. Sérgio, Gyodai e Arielson estão presos. Os demais estão foragidos.
Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernadete teria se oposto à extração de madeira ilegal realizada por Sérgio Ferreira de Jesus, de 45 anos, amigo próximo de traficantes que comandam o tráfico em regiões próximas ao quilombo.
Segundo o Ministério Público (PM-BA), Sérgio teria comunicado a duas lideranças do tráfico de drogas locais: Marílio dos Santos, 34 anos, vulgo "Maquinista", e Ydney Carlos dos Santos de Jesus, 28 anos, vulgo "Café". No momento de contato entre o madeireiro e os criminosos, ele teria afirmado que Bernadete teria prometido chamar policiais para o entorno da comunidade, com a promessa de prender e barrar o comércio de ilícitos na região.
Somado a isso, os traficantes estavam prestes a abrirem um bar dentro do quilombo, que seria utilizado para o comércio das drogas e a realização de festas do tipo "paredão". Com isso, a presença de mais polícias no local poderia impedir o plano do grupo.
Vale ressaltar que, apuração do Aratu On, feita em setembro, deu conta de que uma casa que ficava em frente ao local onde a Ialorixá foi morta era utilizada como depósito de armas para o crime organizado.
Em posse de uma possível intervenção da PM, que teria sido pedida por Bernadete, "Café" e "Maquinista" deram a ordem para que Arielson da Conceição Santos, 24 anos e Josevan Dionísio dos Santos, 26, vulgo "Buzui" fossem até a casa da vítima a pé, em posses de duas pistolas para que cometessem o homicídio. Ao todo, todos os quatro envolvidos integram a mesma facção criminosa.
ÁUDIO ENVIADO ENTRE OS HOMENS ANTES DO CRIME
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Ainda conforme as investigações, partiu de Sérgio, o madeireiro ilegal, a ordem do momento exato e mais oportuno para que os executores pudessem agir sem ser pegos. No dia do crime, Mãe Bernadete sofreu com 25 disparos de arma de fogo em casa, morrendo no local.
As armas usadas foram entregues a um sexto rapaz, indicado pelo nome do interceptador Carlos Gyodai, 47 anos. O MP pediu a prisão preventiva de Ydney de Jesus. Marílio, que possui quatro mandados de prisão em aberto, e Josevam. Ambos estão foragidos. Além deles, Arielson e Sérgio já estão presos.
Ao todo, 80 oitivas, 20 prisões cautelares foram deferidas pelo MP e 14 laudos periciais, além de 17 relatórios técnicos e de investigação foram produzidos pelo inquérito. A conclusão oficial indiciou os cinco citados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, motivo torpe, recurso que dificulta ou impossibilita a defesa e emprego de arma de fogo de uso restrito. Já Gyodai, que recebeu as armas e auxiliou na fuga de Arielson, foi preso no município de Araças.
ÁUDIO ENVIADO PELOS HOMENS APÓS O CRIME
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BINHO DO QUILOMBO
Sobre uma possível relação entre as mortes da Ialorixá e seu filho, Binho do Quilombo, ocorrida em 2017, a Polícia Civil afirmou que a investigação do rapaz segue em sigilo total pela Polícia Federal. Somado a isso, os investigares se colocaram à disposição dos agentes da federação para disponibilizarem as peças do inquérito de Bernadete para que compusessem suas investigações.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
Ainda conforme a Polícia Civil, o caso ainda segue sendo investigado, porém, por outras vertentes. Segundo Heloísa Brito, coordenadora geral da entidade, outros dois inquéritos que tangem Bernadete buscam elucidar a situação do tráfico de drogas em Simões Filho e os conflitos fundiários, ou seja, por terras, que ocorrem na cidade e no quilombo.
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