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SEM DISTINÇÃO: Recém inaugurado, Hospital da Mulher prevê atendimento também a transexuais

SEM DISTINÇÃO: Recém inaugurado, Hospital da Mulher prevê atendimento também a transexuais

Por Heloísa Gomes

SEM DISTINÇÃO: Recém inaugurado, Hospital da Mulher prevê atendimento também a transexuaisMateus Pereira / GOVBA

A instalação do Hospital da Mulher é motivo de comemoração para as mulheres. A criação da unidade de saúde localizada na Rua Barão de Cotegipe, no Largo de Roma (Cidade Baixa), representa um avanço para os cuidados com a saúde da mulher e nas discussões de gênero. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) a equipe está preparada para atender todos os tipos de mulheres — sejam elas cisgênero ou transexuais.


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Com previsão para início de atendimento nesta sexta-feira (13/01) já recebendo casos de internação, o hospital oferecerá atendimento de ginecologia, mastologia, endocrinologia, cirurgia plástica reparadora além do atendimento na área de reprodução humana, oncologia e situações relacionadas à violência sexual e urologia. Mas a única possibilidade de um homem ser atendido são em casos voltados à área de reprodução humana, conforme a Sesab o profissional de urologia poderá atender mulheres trans que não realizaram o procedimento cirúrgico.


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Discussões de gênero estão cada vez mais ampliadas e a necessidade de reconhecer suas pluralidades e principalmente respeitar a identidade de gênero de cada indivíduo é fundamental para o desenvolvimento social. Um dos pontos mais críticos é a precariedade para a atenção básica à saúde da comunidade LGBTT que sofre discriminação constante nos espaços sociais.


?Seria muito mais fácil se a gente não precisasse se encaixar em um conceito masculino, feminino, gay… somos todos seres humanos se a gente respeitasse isso não haveria necessidade dessa discussão de gênero ou utilização de tantos termos para definir as pessoas?, acredita Millena Passos, ativista política e mulher trans.


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Os conceitos que definem as identidades de gênero e sexualidade são complexos à medida que é necessário dar nome a tudo para que as coisas façam sentido, logo, existam. Uma mulher cisgênero é aquela que está de acordo com o sexo de nascimento e se identifica com o gênero feminino e o seu papel social. Já uma mulher trans é aquela que não está de acordo com o sexo de nascimento (masculino) e se identifica com o gênero feminino e seu papel social.


?Na verdade as coisas são simples, basta considerar que somos seres humanos e merecemos respeito independente de qualquer coisa, mas a definição de mulher trans está relacionada a uma divergência entre o seu sexo de nascimento e o psicológico. Seu corpo tem características masculinas, mas você se entende como mulher, em alguns casos há a necessidade de realizar um procedimento cirúrgico ou utilização de hormônios. Já a definição de travesti está ligada a uma pessoa que também está em discordância entre sexo e gênero, mas não necessariamente sente a necessidade de uma transformação?, explica Keila Simpson, presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais.


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Foto: Mateus Pereira / GOVBA


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Essas pluralidades de gênero geram uma necessidade de atendimento específico para as especificidades dos variados tipos de mulheres cis, travestis, trans feminino e até mesmo trans masculino, visto que sua identidade de gênero é masculina, mas biologicamente feminina, isto para os casos em que a pessoa não foi submetida a cirurgia de reatribuição sexual ? este termo é utilizado no sentido de que os indivíduos não estão mudando de sexo, mas realizando uma correção nos seus corpos.


Muitas mulheres trans não buscam atendimento em unidades básicas de saúde para evitar constrangimentos, ?a utilização do nome social é fundamental para a inclusão. É um constrangimento enorme ter uma figura feminina, mas no seu documento um nome masculino. Alguns funcionários não estão preparados para este tipo de atendimento e acabam constrangendo os pacientes, então ter um hospital que tenha este cuidado é muito importante para nós?, diz Millena Passos.


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Apesar desta abertura ainda é preciso caminhar bastante para chegar ao cenário ideal e necessário para as mulheres trans. ?O Ambulatório Trans é uma reivindicação antiga e atenderá as necessidades das mulheres trans, será um atendimento mais específico de acordo com as nossas demandas. Não é fácil ser mulher no Brasil, imagina ser mulher trans, negra e periférica, quanto mais estigmas você carrega mas discriminada será. Então é necessário um acompanhamento psicológico além do clínico?, afirma a ativista política.


Para além do Hospital da Mulher, o Ambulatório Trans já foi autorizado pela Secretaria de Saúde do Estado e publicado no Diário Oficial. Ele deve realizar atendimentos psicológicos, procedimentos que envolvem o processo transexualizador como a hormonioterapia e atendimentos médicos.


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Apesar de não atender necessariamente as demandas das mulheres trans dentro das suas particularidades, é uma porta aberta para a inclusão de gênero e possibilidade de ampliação da discussão além do campo social, mas da saúde destas pessoas. ?Nós somos mulheres e ponto. Não queremos um banheiro diferente, não queremos ser separadas das outras, apenas queremos os nossos direitos e poder ser atendida em um hospital voltado para a mulher é garantir nosso espaço enquanto mulheres que somos?, conclui Millena.


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