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Por que o nível do Rio Guaíba demora tanto a baixar? Aratu On Explica

Volume bateu recorde no último dia 5 de maio, chegando a 4,77 metros

Por Juana Castro

Por que o nível do Rio Guaíba demora tanto a baixar? Aratu On ExplicaCréditos da foto: Gilvan Rocha/Arquivo/Agência Brasil

Foi no final de abril que o estado do Rio Grande do Sul (RS) registrou os primeiros alagamentos, em razão de temporais no território. Mas foi na noite do último 3 de maio que a situação se tornou crítica, quando o nível do Rio Guaíba chegou a 4,77 metros, passando em um centímetro o maior volume já registrado, em 1941. E no dia 5 deste mês, um novo recorde: 5,33 metros, segundo os órgãos oficiais.


Desde então, são cidades embaixo d'água, a exemplo de Canoas, uma das mais afetadas, e a capital gaúcha, Porto Alegre. Conforme dados da Defesa Civil do RS, divulgados nesta sexta-feira (17/5), 154 pessoas morreram, 98 estão desaparecidas, 806 ficaram feridas e 2,2 milhões foram afetadas, das quais mais de 540 mil estão desalojadas e 78 mil se encontram em abrigos.


O cenário de destruição gerou uma onda de solidariedade em todo o Brasil. Com o trabalho de equipes oficiais e do auxílio da própria populaçao, mais de 82 mil pessoas e 12 mil animais foram resgatados. Mas algo ainda intriga os afetados e quem vê de fora, pelo noticiário e/ou redes sociais: por que o volume da água continua tão alto? Praticamente duas semanas após o início da grande enchente, ainda há casas quase que inteiramente submersas, fazendo dos telhados espécies de "ilhas" para pessoas e animais.


Em entrevista ao Jornal Nacional, da Globo, o professor Fernando Fan, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), explicou que, até hoje, não existe um consenso, no meio científico, se o Guaíba é um rio ou lago. Porém, neste momento de inundação, ele tem se comportado como um lago.


"Ele recebeu muita água dos rios que contribuem para ele e ficou, literalmente, cheio. Então, ele está um lago cheio com uma saída estrangulada, lentamente esvaziando ", disse.


Na chamada "cheia histórica" de 1941, quando o nível da água chegou a 4,76 metros, demorou 32 dias para ficar abaixo dos três metros, que é a cota de inundação do Guaíba. Ou seja: ele transborda quando passa dessa marca.


Depois do 5 de maio, o nível do Guaíba, em Porto Alegre, ainda persistiu por um tempo acima dos 5 metros, mas apresentou baixas nos últimos dias. Nesta sexta-feira, a medição realizada às 5h15 pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) registrou a marca 4,73 metros no Cais Mauá.


O rio (ou lago) Guaíba tem enchido tanto porque se tornou uma espécie de "funil", retendo a água dos rios Taquari, Pardo, Gravataí e Sinos, que escoam nele. A vazante, por outro lado, é muito estreita, o que deixa lenta a saída da água.


Assim, o Guaíba se tornou uma espécie de "funil", retendo as enchentes dos rios Taquari, Pardo, Gravataí e Sinos, que escoam nele, e cujos volumes subiram consideravelmente em pouco tempo, em razão das chuvas das últimas semanas.


Outra preocupação - que se tornou realidade na noite de quinta-feira (16) - é que a água chegasse à Lagoa dos Patos, ultrapassando a cota de inundação. Com isso, as cidades São Lourenço do Sul, Pelotas e Rio Grande tiveram estados de calamidade pública reconhecidos pelo governo estadual.


EL NIÑO


Esse grande volume de chuva, em abril e maio, foi causado pelo fenômeno climático El Niño. Ao Aratu On, o meteorologista da Defesa Civil de Salvador (Coedesal), Giuliano Carlos, explicou que ele aquece a água do oceano e interfere nas chuvas e ventos na região. Neste ano, contudo, choveu muito acima da média e em poucas horas. "Nenhuma cidade do mundo, pela escala que ocorreu, suportaria esse número de chuva", disse.


O El Niño já foi dado como encerrado. No final do outono, no entanto, vem a La Niña, que é o "resfriamento do oceano", ainda como explicou Giuliano. Desta vez, a chuva deve chegar a Salvador e à região litorânea do Brasil.
"A gente ja teve, na capital baiana, registros mais intensos no período da La Niña, mas a gente tem percebido que esse ano foi mais atípico. Teve influência do El Niño, mas, em contrapartida, o oceano Atlântico é o que influenciou mais. A anomalia de temperatura tava mais alta, próximo a 1,5 ºC... Então isso foi um dos fatores predominantes para intensificar os sistemas meteorológicos", completou.

*Com informações do SBT News, Uol e Jornal Nacional*


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